Walmiré Dimeron: “Os traficantes deveriam ser alvo de extinção – e não um bem cultural protegido por Lei”

Mário Flávio - 07.05.2013 às 07:55h

O ex-diretor de Museus da prefeitura de Caruaru, Walmiré Dimeron, criticou pelo facebook a decisão de extinguir a Feira do Troca. Para ele, as falhas na segurança não poderiam culminar com a extinção de um dos espaços mais antigos espaços das feiras da cidade. Dimeron afirma que a Feira do Troca é protegida por Lei e que a decisão de extinguir a feira não deveria ser tomada.

Segundo Walmiré, o tema Patrimônio Imaterial ainda é assunto novo no Brasil e certamente há pontos inconclusivos. usa-se o termo Imaterial por não se poder “engessar” algo tão dinâmico. “Diferentemente de um prédio, um objeto – essa é a diferença básica entre REGISTRO E TOMBAMENTO. Até onde sei, a feira até poderia mudar de lugar, pois onde ela estivesse, seria sempre Feira de Caruaru, mas nunca se falou na possibilidade de extinção de uma das feiras inventariadas. Cabe ao IPHAN um pronunciamento oficial”, disse. Abaixo o texto na íntegra postado no facebook.

“O Inventário realizado pelo IPHAN que culminou com o Título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e consequente Registro da Feira de Caruaru no Livro de Lugares (correspondendo ao tombamento para bens materiais) é muito claro sobre a importância dessa Feira dentro do conjunto de feiras inventariadas e que formam a grande e bicentenária Feira de Caruaru.:

‘É considerado um Lugar por estar inserido na grande Feira, e por abrigar um conjunto de práticas e comportamentos portadores de significados socioculturais específicos para o público, que é ator social deste espaço e atividade. Ao mesmo tempo, representa um todo complexo envolvendo costumes centenários ligados à instituição do escambo ou economia baseada na troca de bens, frequente no interior do território do Brasil colônia ou Império, em vista da precária e quase nula circulação de moedas…’

Fato; Juntamente com a Feira do Gado é a mais antiga existente, realizada no entorno da pequena Capela da Conceição ainda nos tempos da Fazenda de José Rodrigues de Jesus. Os que se manifestam a favor da permanência e revitalização/ordenamento da Feira certamente não agem assim por puro saudosismo ou romantismo. Temos a plena consciência que entre os comerciantes honestos, tradicionais que lá atuam ainda em grande número, se infiltraram traficantes e bandidos – e esses sim, deveriam ser alvo de extinção – e não um bem cultural protegido por Lei”.