Votação de CPI da CGU é adiada de novo e oposição critica que base do governo é pressionada pelo Executivo

Mário Flávio - 21.08.2013 às 07:25h

20130821-034211.jpg

Mais uma vez o vereador Evandro Silva (PMDB) retirou de pauta a apreciação de pedido de abertura de CPI, na reunião dessa terça (20) na Câmara Municipal, para investigar irregularidades apontadas por relatório da Controladoria-Geral da União em 2011 em Caruaru, referente ao uso de recursos federais. O motivo é que ele ainda não conseguiu a sinalização positiva de pelo menos mais dois vereadores para aprovar o pedido. Ele precisa de 8, mas tem 6.

No contexto

Prefeito convence vereadores insatisfeitos a votarem contra CPI da CGU

Para defender a proposta, os vereadores até utilizaram um recente editorial publicado pelo Jornal do Commercio, em que se aponta que a prefeitura não deu esclarecimentos suficientes sobre as irregularidades apontadas no documento. “O editorial do jornal destaca que houve irregularidades, mas que não houve respostas adequadas sobre essas constatações. O texto cita inclusive que o prefeito teria se negado a se pronunciar sobre o assunto e que passou a responsabilidade para um auxiliar de segundo escalão. Não são eu que estou dizendo isso, mas o editorial de um dos jornais de circulação em todo o estado”, discursou Evandro Silva.

Na verdade, a base governista na Casa defende que o relatório já expôs todos os dados sobre o uso dos recursos e as potenciais irregularidades, o que para eles invalidaria uma investigação pelo poder Legislativo. No entanto, Eduardo Cantarelli (PSDB) avalia que um inquérito na Câmara poderia atualizar informações sobre recursos aplicados no município. “É preciso ressaltar que essas justificativas apresentadas pela prefeitura diante dos questionamentos no relatório foram negadas pela CGU. Dessa forma, a instalação da CPI poderia revelar novidades sobre o uso dos recursos desde 2011”, defendeu.

Em paralelo, Jajá (PPS) aponta que o prefeito Zé Queiroz estaria pressionando a base para não garantir a abertura da CPI. “Infelizmente alguns vereadores estão se sentindo pressionados para votar contra o projeto, e isso é muito ruim para a Câmara. Muito ruim para a nossa cidade. Já falei, e volto a repetir: quem não deve, não teme. Se não há nenhuma irregularidade, por que não ser a favor dessa investigação?”, questionou.

Em meio à dificuldade para emplacar a comissão, Evandro prefere esperar antes de lançar a proposta para votação, mas explicou ao blog que vai colocar o pedido para apreciação nos próximos dias. “O requerimento teve começo e terá fim. estamos em negociação e amadurecimento da ideia, se com a instalação ou não, darei fim a esse debate. Nós somos um poder, quem oferece a denúncia é o MP à Justiça, mas o papel da Câmara também é de fiscalizar e investigar. Caso a CPI não seja instalada, vou estudar como proceder com isso, já que para fazer um pedido de informação sozinho, não sei qual estímulo haveria”, ressaltou o vereador, que atualmente se considera oposição independente.

Paralelo às discussões nessa quinta, alguns professores da rede municipal e representantes do Sindicato dos Servidores Municipais de Caruaru (SISMUC) levaram novamente faixas exigindo a CPI. Mas, para o Demóstenes Veras (PSD), líder da base do governo, composta oficialmente por 16 vereadores, contra 7 da oposição, não há o que se discutir. “O relatório foi feito em 2011, e foi colocado na imprensa um assunto que já foi respondido”, frisou.