Vereadores rejeitam proposta de Audiência Pública para discutir PCC dos professores em Caruaru

Mário Flávio - 29.05.2013 às 08:25h

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Durante a reunião da Câmara de Caruaru na noite dessa terça (28), a votação em separado de requerimento do vereador Louro do Juá (DEM) para realizar audiência pública sobre a atualização do Plano de Cargos e Carreiras dos professores se demonstrou mais uma quebra-de-braço dos edis com a categoria. Na verdade, esse requerimento seria apresentado por Gilberto de Dora (PSB) na semana passada, que desistiu da ideia depois de não obter retorno da categoria dos professores. Em maioria de 13 votos, com uma abstenção e uma falta justificada, a propositura foi rejeitada, e a justificativa foi quase uma só: os vereadores se sentiram desrespeitados pelas mobilizações realizadas pelos professores desde que o projeto enviado pelo Executivo foi aprovado.

O próprio presidente da Comissão de Educação da Casa, Edjailson Santos (PT do B) não quis aprovar a propositura e disse que se sentiu ofendido em várias ocasiões de protesto dos professores. “Eles deveriam ter procurado os vereadores desta Casa, assim que o projeto foi aprovado, para que houve uma discussão sobre as reivindicações deles. No entanto, estes professores, que estão participando dos protestos, agiram com má educação e de forma ultrapassada, ofendendo os vereadores, com cartazes nos chamando de inimigos da educação. Além disso, chegaram a fazer um protesto na sessão solene de entrega de título de cidadã da deputada Raquel Lyra (PSB), que nada tinha a ver com essa situação. Os professores merecem ter um espaço para que escutemos suas reivindicações, mas os que participaram dessas mobilizações nos desrespeitaram”, justificou.

Já Gilberto de Dora criticou que a categoria não estaria interessada em dialogar com os vereadores, apenas em protestas nas ruas. “Eu soube que alguns professores estavam detratando os vereadores, inclusive em declarações em emissoras de rádio, mas depois entrei em contato com eles para tentar abrir uma linha de diálogo, tentei marcar 3 vezes reuniões com representantes da Associação dos Trabalhadores em Educação de Caruaru (ATEC) para discutir o PCC e lançar a proposta de audiência pública, mas eles não retornaram minhas tentativas de contato. Sendo assim, acredito que eles não querem um espaço para debater as reivindicações deles”, ressaltou.

O presidente da Casa, Leonardo Chaves (PSD) não votou o requerimento por presidir a mesa, mas corroborou as críticas: “essa casa nunca foi tão desrespeitada, em meus 40 anos de vida pública, como está acontecendo agora. Na verdade, essas duas entidades que representam os professores, ATEC e SISMUC, estiveram em 2012 incitando os protestos contra a votação do reajuste dos vencimentos dos vereadores. Eles chegaram a incitar a violência contra nós. Nós votamos de forma consciente o projeto, depois da análise da Comissão de Leis, porque era para o bem do município, e eu aprovaria de novo se ele retornasse a essa Casa da mesma forma”. O vice-líder do governo, Ricardo Liberato (PSC), disse ainda que não caberia mais discutir a atualização, por já ter sido sancionada. “Não se trata mais de um projeto, e sim de uma questão de negociação entre a categoria e a prefeitura, já que se trata de uma lei de ordem financeira, que já foi sancionada”, justificou. Entre as demais justificativas, os edis expuseram ainda temor de que a participação de membros das entidades representativas da categoria resultassem em tumulto na Câmara.

Além de Louro e dos vereadores da oposição, apenas Ranilson Enfermeiro (PTB), dos vereadores governistas presentes, apoiou a ideia, e disse que queria dar uma chance à democracia, acreditando no diálogo com os educadores. E para Louro, houve falta de coerência dos vereadores ao rejeitar o diálogo. “O PCC passou por esta Casa e foi votado de última hora, sim, sem que tivéssemos conhecimento dos detalhes da proposta do Executivo. Agora seria o momento de debater e explicar em detalhes o que foi votado e buscar soluções para esse impasse. Alguns vereadores votaram o projeto inconscientemente, sem conhecimento. No entanto, teve vereador que votou contra o projeto na época e desta vez foi contra a audiência. São casos de pessoas que não sabem ser vereador, ser oposição, ou ser situação. Eu voto a favor dos professores, pois foi a educação que me trouxe até esta Casa”, lamentou o democrata, que pode ainda ter se referido indiretamente aos vereadores Neto (MD) e Rozael (MD), membros da oposição, mas que votaram contra o requerimento do colega de bancada.