Vale a pena pagar 350 reais para ver o show de Chico Buarque?

Mário Flávio - 09.03.2012 às 12:00h

Já estão sendo vendidos os ingressos para o show no Recife do cantor e compositor Chico Buarque. Ele faz quatro apresentações na Capital, entre os dias 19 e 22 de abril, os preços dos ingressos geram muita reclamação por parte dos fãs de Chico, que aguardam com muita ansiedade para ver o artista. O mais barato custa 280 reais e o mais caro 350. Quando comparamos aos preços do show do cantor em São Paulo, a diferença é exorbitante. Por lá, o ingresso mais barato custa 60 reais e o mais caro, está sendo comprado pela bagatela de 320 reais.

Muita gente do interior vai comprar o ingresso, mas fica aqui um conselho: Se não conhece o álbum “Chico”, não vá. O show é baseado na obra e traz as poesias e crônicas do artistas, que tem 67 anos. Em nada lembra os grandes sucessos, que tanto incomodaram a ditadura militar. No entanto, algumas canções daquela época devem ser cantadas, bem como as músicas que trataram sobre as mulheres brasileiras.

A música de Chico consegue fãs de todas as idades e o show é caro por ser fechado, não ter apoio do governo e pelo valor histórico da obra dele, mas principalmente por ter quem pague pela quantia, as filas foram enormes com o início da venda dos ingressos. Os fãs de Chico são variados. Existem os históricos, que cresceram ouvindo a luta dele contra o Regime Militar, sempre com músicas ousadas; as mulheres que foram desvendadas pelo poeta; os intelectuoides, que se tornam fãs após tomar um ou dois copos de cerveja e ouvir algumas histórias ou intrepretações das canções; e aqueles que não sabem nada da obra, mas como em alguns locais é moda gostar de Chico, simplesmente gostam.

Se eu pagaria 350 reais para ver o show? Não, não pagaria… A obra vale até mais que isso, mas o local não é dos melhores e o Chico de hoje é um tanto melacólico e faz tempo que não empolga com alguma canção. O que é lamentável é um show histórico ser restrito a poucas pessoas, já que o preço do ingresso mais caro é mais da metade de um salário mínimo, o que restringe o acesso de muita gente. É Chico, com esse valor, vou manter a minha frustração de não ver o seu show e colecionar ao lado de outras duas, por nunca ter visto Luiz Gonzaga e Luciano Pavarotti, sendo que esses dois já morreram.

Mas antes de encerrar o post, queria deixar aqui esse pensamento de Roberto Campos:

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola…”,