UPAE Caruaru passa a atender pacientes com Doença Falciforme

Jorge Brandão - 07.04.2022 às 10:25h
Foto: Reprodução/Internet

Dando início ao processo de descentralização da assistência hematológica em Pernambuco, a partir desta quinta-feira (07), a Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE) de Caruaru, serviço do Governo do Estado, passa a atender os pacientes diagnosticados com doença falciforme, e que residem em um dos 53 municípios da II macrorregião, formada por cidades das IV e V Regionais de Saúde (com sedes em Caruaru e Garanhuns, respectivamente).

A doença falciforme é a genética mais comum no Brasil, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue. Em Pernambuco, de acordo com a Coordenação Estadual da Triagem Neonatal, a cada 1,4 mil crianças nascidas vivas, uma é diagnosticada com Doença Falciforme. Atualmente, 2 mil pacientes possuem diagnóstico da doença e realizam acompanhamento junto ao Hemope, no Recife.

Com a descentralização, 220 pacientes deixarão de se deslocar do Agreste para receber acompanhamento com profissional especializado no Hemope, localizado no Recife. Além do atendimento com médico hematologista, também serão ofertados exames complementares e suporte de outras especialidades médicas com equipe multiprofissional. Para os atendimentos na UPAE Caruaru, o paciente precisa ter o diagnóstico definido para doença falciforme e ter realizado acompanhamento anterior no Hemope.

“Já iniciamos a migração desses pacientes para a Unidade de Atenção Especializada, após a realização das consultas feitas nos meses de fevereiro e março. Quando estes pacientes realizam seu acompanhamento de rotina no Hemope-Recife, foram informados da mudança do fluxo assistencial e recebem todas as documentações necessárias para o cadastro junto a UPAE e agendamento da primeira consulta. Dependendo do tratamento de cada paciente, as consultas serão realizadas na UPAE a cada 2, 3 ou até mesmo 6 meses”, explica a coordenadora de Atenção à Saúde da População Negra, Miranete Arruda.

Outro benefício para os pacientes, trazido pela descentralização da assistência em hematologia, é o fortalecimento da atenção primária para garantia do fornecimento dos medicamentos do componente básico da assistência. Os pacientes que residem nos municípios contemplados poderão fazer a retirada dos fármacos junto à atenção primária de seus territórios e ainda pelas unidades da Farmácia de Pernambuco, no caso dos medicamentos especializados, situadas nas cidades onde as Gerências Regionais de Saúde (Geres) estão instaladas. Antes da descentralização, os medicamentos dos componentes básicos e especializados eram dispensados para os pacientes pelo Hemope.

Além de Caruaru, até o final do ano, o serviço também será expandido para o Sertão do Estado, nas UPAEs de Petrolina e de Serra Talhada. O Plano de Expansão e Descentralização da Assistência em Hematologia em Pernambuco foi lançado, em novembro, durante evento em alusão ao mês da Consciência Negra, pela vice-governadora Luciana Santos.

TESTE DO PEZINHO – A Doença Falciforme é identificada precocemente, no caso dos bebês, por meio do rastreio realizado durante o teste do pezinho. O teste consiste em uma leve picada no calcanhar da criança para retirar algumas gotas do sangue, que serão processadas em laboratório. Atualmente, todos os municípios pernambucanos contam com pontos de coleta para o teste do pezinho. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE) recebe as amostras de sangue seco em papel filtro de todos os municípios do Estado, para realizar o exame do teste do pezinho (rastreamento).

Já nos jovens e adultos, o diagnóstico se dá por meio do exame de eletroforese de hemoglobina, a partir da coleta de amostras de sangue e processamento laboratorial. “Observa-se que os jovens e adultos diagnosticados com a doença falciforme de forma tardia não tiveram acesso à triagem neonatal, visto que a inclusão do diagnóstico da doença só foi instituída no ano de 2001 pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), do Ministério da Saúde”, finaliza.

No caso das gestantes, esse diagnóstico também é feito por eletroforese de hemoglobina no início do pré-natal. Em caso de diagnóstico para doença falciforme, a gestante deverá ser encaminhada para acompanhamento no pré-natal de alto risco.