Pernambuco sempre teve campos bem definidos na política. Nos últimos 30 anos Miguel Arraes e José Múcio em 1986, Joaquim Francisco e Jarbas Vasconcelos em 1990, Miguel Arraes e Gustavo Krause em 1994, Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes em 1998, Eduardo Campos e Mendonça Filho em 2006, Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos em 2010 e Paulo Câmara e Armando Monteiro em 2014 fizeram disputas polarizadas que mesmo significando algumas vantagens expressivas em alguns casos, elas foram marcadas por muita contundência e delimitação de forças.
O único político que conseguiu praticamente juntar todo mundo sob sua influência foi Eduardo Campos, que se aliou de Jarbas Vasconcelos a Humberto Costa, passando por Mendonça Filho, Armando Monteiro, Sergio Guerra, etc. Este movimento de Eduardo acabou embaralhando as cartas e hoje o quadro se desenha para nomes que se enfrentarão em 2018 mas que até bem pouco tempo marcharam no mesmo palanque.
O governador Paulo Câmara decidiu não ter Fernando Bezerra Coelho ao seu lado quando negou-lhe espaço na formatação do governo, e decidiu mandar Bruno Araújo e Mendonça Filho para o campo da oposição quando misturou as bolas de eleição municipal do Recife com aliança estadual, mais do que isso, afastou Bruno e Mendonça da aliança no exato momento em que eles estavam chegando à esplanada dos ministérios, um erro de cálculo que jamais Eduardo ousaria fazer.
Estes movimentos do governador foram se juntando a uma fadiga de material do PSB de doze anos, que inexoravelmente seria cobrada a fatura no ano que vem, porém poderia ser diluída numa reedição da Frente Popular e da disputa contra Armando Monteiro, que disputaria muito provavelmente sem o apoio do PT, ou pelo menos sem a boa vontade do PT durante a campanha. Seria um passeio para Paulo Câmara.
Longe de ser o mesmo de 2014, mas evidentemente com chances amplas de reeleição. As chances de Paulo ser reeleito continuam grandes, uma vez que o governador tem forte estrutura e vem tocando o governo do jeito que pode, mesmo enfrentando uma das maiores crises da história do Brasil. Porém, em vez de enfrentar um Armando Monteiro isolado, o governador caminha para enfrentar um grupo de oposição que estará unido, que já mostrou saber jogar o jogo, e que deverá fazer um forte contraponto ao PSB. Esta oposição, que conta com PSDB, PTB, Podemos e Democratas, trabalha para atrair outros partidos, como PMDB, PR, PRB e Avante. Uma oposição sedenta pelo poder e que deverá canalizar todos aqueles que se sentem desprestigiados pelo governo do PSB.
No próximo dia 11 a oposição formalizará o que já vem sendo costurado nos bastidores. Ela ainda não sabe se disputará com um único nome ou com dois, mas caminha para ter Fernando Bezerra Coelho ou Armando Monteiro como representantes deste projeto que promete “mudar Pernambuco e resgatar a grandeza do nosso estado”, como diz a peça que faz o convite para o ato. A partir de agora a pegada em Pernambuco tanto nas hostes palacianas quanto nas oposicionistas é uma só: Eleições 2018.