A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou a atuação nesta terça-feira (23) sob troca de acusações entre governistas e bolsonaristas, bate-boca e apresentação do plano de trabalho do colegiado.
Em sessão tumultuada, com discussões e gritaria, deputados da base do antigo governo atacaram o movimento e fizeram associação a “terrorismo”. Em troca de farpas, o deputado Éder Mauro (PL) acusou o MST de abrigar “marginais” e “bandidos”: “Ela [a comissão] está apurando situações de um grupo que não é um movimento social, mas um movimento de marginais que invadem, quebram e põem fogo em sedes de fazendas”, disse.
Na mesma linha de Mauro, o deputado Capitão Alden (PL) afirmou que o MST era “terrorista”. “É um movimento terrorista, nós vamos provar isso. Não é possível que produtores rurais pequenos, médios e grandes tenham suas propriedades invadidas, tendo os seus respectivos direitos cerceados de comercializar e sobreviver na área. Nessa investigação, vamos trazer outros elementos que vão corroborar que digam que de fato o MST é um movimento terrorista”, alegou Alden.
Os parlamentares foram retrucados por governistas, que afirmaram que “marginal é quem defende torturador”. Bolsonarista, o deputado Mauro teve uma ação arquivada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal por tortura, em 2016. Segundo o processo, atos de violência física e mental teriam sido cometidos contra um suspeito de tráfico de drogas e família.
Em outro momento do colegiado, o deputado Tenente-coronel Zucco (Republicanos) cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL). O silenciamento ocorreu quando a parlamentar fazia a leitura de uma notícia sobre investigação aberta contra Zucco no Supremo Tribunal Federa (STF).
A ação da Corte investiga a participação do presidente da comissão nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
“Acabou de sair a notícia de que o Moraes autoriza a PF a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação nos atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira”, afirmava Bomfim, logo antes de ter o microfone cortado.
O Tenente-coronel Zucco afirmou que o local não era palco para ataques pessoais