O Sinpol (Sindicato da Polícia Civil de Pernambuco) iniciou a Operação Polícia Cidadã com uma entrevista coletiva à imprensa esclarecendo à sociedade os procedimentos que os policiais civis de deverão cumprir no exercício de sua função. Além da Operação, o Sinpol também apresentou um dossiê sobre o estado de delegacias e das três unidades do Instituto de Medicina Legal (IML). O presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros, explicou que os policiais civis que estiveram exercendo atividades além de sua função legal, deve negar-se a fazê-lo.
Da mesma forma, nenhum deles deve sair para o trabalho policial sem as devidas exigências, como viatura em boas condições e com documentação regular, Equipamento de Proteção (EPIs) dentro da validade e estrutura física condizente com o exercício da função. Áureo considerou a situação das delegacias em Pernambuco como “caóticas”, “medievais” e “desumana”. Ainda esta semana, o Sinpol entrará com ação civil contra o governo para interditar as unidades do IML de Petrolina e Recife, as delegacias de Moreno, Cabo de Santo Agostinho e Macaxeira, no Recife.
Abaixo os principais problemas apresentados
INSTALAÇÕES FÍSICAS
· Ausência de dormitório; ausência de dormitório feminino (apenas masculino); dormitório insalubre;
· Cozinha sem as mínimas condições de higiene e uso;
· Banheiros sem a mínima condição de higiene e uso;
· Tetos e paredes com infiltrações, mofo, buracos;
· Falta d’água; canos e esgotos estourados;
· Ausência de ar-condicionado; ar-condicionados sujos e sem manutenção; prédios com ausência de ventilação;
· Xadrez (para prisão provisória) sem as mínimas condições humanas, úmidos, insalubres e escuros;
· Ausência de garagem para guardar viaturas;
· Instalações elétricas caóticas; fios elétricos expostos, lâmpadas queimadas; iluminação inadequada; gambiarras elétricas.
CONDIÇÕES DE TRABALHO
· Delegacias sem funcionar a noite e em feriados;
· Plantões de final de semana com apenas um agente de polícia, os chamados “plantões solitários”;
· Constante ausência da autoridade policial, o Delegado;
· Coletes de bala vencidos;
· Viaturas sem condições de uso; em más condições de uso ou sem combustível;
· Viaturas com falhas estruturais no Xadrez (local onde se conduz suspeitos presos), com ocorrência de fugas por conta dessas falhas;
· Viaturas com documentação ou em situação irregular com o Detran;
· Irregularidade ou ausência no fornecimento de água potável, tanto para os policiais, quanto para a população atendida;
· Cartório improvisado, com documentos expostos à umidade, ao mofo e infiltrações;
· Recepção inadequada ou ausência de recepção para o adequado atendimento à população.
INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL (IML)
No IML de Petrolina, encontramos a seguinte realidade:
· A rampa de acessibilidade da calçada estava quebrada e remendada com asfalto
· Muitos dos ar-condicionados estão quebrados;
· Constante ausência de médicos legistas;
· Alojamento para as pessoas do administrativo com camas quebradas, colchões sujos;
· A máquina de radiologia guardada indevidamente no depósito;
· Não existe armário para guardar materiais de limpeza e higiene;
· Materiais coletados expostos sem lugar adequado e seguro para acondicionamento;
· Aparelho para exame sexológico não está sendo utilizado por falta de estrutura;
· A sala do gestor é no antigo banheiro, mesmo assim, cheia de caixas empilhadas;
· Gambiarras elétricas por todos os lados;
· Depósito de lixo improvisado;
· Beliches dos alojamentos comprados pelos próprios funcionário e colchões mofados;
· Sala de material para utilizar nas perícias sem as mínimas condições de acondicionamento;
· Pouca quantidade de Macacões (roupa de trabalho) utilizadas pelos profissionais para fazer a perícia;
· Local para higienização dos materiais utilizados nas perícias precário. Uma torneira sustentada por quatro tijolos;
· Local para guardar as EPIs para necropsia em armário improvisado pelos funcionários;
· Teto com infiltrações, goteiras, rachado;
· Péssimas condições do local onde os carros deixam os corpos;
· As geladeiras têm apenas quatro gavetas e os corpos são acumulados, chegando a suportar quatro corpos em uma só gaveta;
· Também existe gavetas quebradas, com vazamento e estrutura rachada;
· A falta material para exame laboratorial é crônica;
· O “mata mosca” não funciona mais.
Em Caruaru o descaso se repete.
· Várias gavetas de acondicionamento de cadáveres sem funcionar;
· Ausência de materiais ou materiais inadequados para a manipulação de cadáveres;
· Lixo hospitalar exposto em condições inadequadas;
· Geladeiras sem funcionar;
· Documentos empilhados;
· Fios expostos.
RECIFE
· Portão eletrônico de entrada de viaturas que não funciona, ficando aberto durante dia e noite;
· Não há gerador de energia. Qualquer falta de fornecimento elétrico pode prejudicar os materiais acondicionados em freezers e geladeiras;
· Não há alojamento para os maqueiros, que dormem de improviso no chão;
· Muitos equipamentos são descartados inadequadamente, inclusive equipamentos que podem conter materiais tóxicos e radioativos;
· Os armários dos funcionários nos alojamentos estão enferrujados, sujos, quebrados;
· Os banheiros são um nojo completo, insalubres e sem condições de uso. Em um deles, o teto desabou. Em outros, não há distinção entre banheiro feminino e masculino;
· Pias para lavar equipamentos em péssimas condições;
· Sala de arquivo com mofo, infiltrações, fios expostos. Arquivos amontoados;
· Almoxarifado em péssimas condições de uso, caótico e com infiltrações;
· Sala de necropsias sem as mínimas condições de higiene. Péssima conservação das pias, uso inadequado de materiais de perícia como barras de madeira, serras de marceneiro, escope etc.