O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu, nesta quinta-feira (16), que o Parlamento brasileiro ouça os povos indígenas antes de tomar decisões que os afetem. “Nós temos que ouvir. Nada deve ser imposto”, disse ele, durante a sessão especial feita pelo Senado para homenagear os índios.
“Nada será feito sem ouvir vocês… Vamos precisar fazer uma estrada no meio da floresta? Temos que ouvir vocês que moram lá e cuidam dela. Nós vamos precisar fazer uma represa para ter energia? Nós temos que ouvir vocês que vivem daquela terra”, exemplificou, dirigindo-se aos representantes indígenas presentes na sessão.
Conhecido por ser o senador da educação, Cristovam disse ser contra impor a educação dos brancos às crianças indígenas. Na opinião dele, os próprios índios podem definir em que idioma e como devem educar seus filhos.
É preciso também, no entendimento do senador, garantir direitos, inclusive aqueles que a Constituição já prevê, como o direito à terra, “fundamental”. Ele destacou que os índios têm com a terra uma relação diferente do que têm os brancos. É errada, na sua opinião, “a ideia de que índio precisa de um pedacinho de hectare [só] porque os brancos fazendeiros usam trator”. Para os índios, “terra é a mãe” e, por isso, “tem que ser grande”, acrescentou o senador, seguido de palmas da plateia.
Na visão do parlamentar pedetista, é preciso ainda atender demandas relacionadas a outras questões, como saúde: “Vocês querem um sistema de saúde para aproveitar as vantagens das técnicas, a gente tem que oferecer. Vocês querem a proteção para que não chegue lá doença que nós brancos estamos levando, vocês têm direito de que nós ofereçamos isso. Vocês querem escola de qualidade para os filhos de vocês, iguais às escolas das cidades, nós temos que oferecer”.
Cristovam disse que, se fosse presidente da República, cargo ao qual já concorreu, começaria seu discurso de posse pedindo desculpas aos índios, sobretudo “ pelas maldades que nós, os brancos, cometemos ao longo de 500 anos da nossa história”.