Sem diálogo com Câmara Municipal, Parlamento Jovem de Caruaru cobra assistência de Lícius Cavalcanti

Mário Flávio - 26.10.2012 às 09:22h

Mesmo ausente da sessão do Parlamento Jovem na quarta-feira (24), o nome do presidente da Câmara Municipal de Caruaru, Lícius Cavalcanti (PCdoB), foi provavelmente o mais citado entre os vereadores jovens. Mas, isso porque boa parte deles está insatisfeita com a falta de comunicação com a Câmara para o desenvolvimento de atividades do PJC e eles alegam que as principais dificuldades de diálogo são justamente com o comunista e com os membros da Comissão de Políticas Públicas para a Juventude, formada pelos vereadores Edmilson do Salgado (PCdoB), Diogo Cantarelli (PSDB), autor do projeto do parlamento, e Lula Tôrres (PR), pai do presidente do PJC, Paulo Tôrres (PTN).

No contexto

Vereadores Jovens querem mudar regimento para aumentar número de reuniões

Essas reclamações não são de agora. Desde que a sede da Câmara Municipal iniciou suas reformas, os vereadores jovens vinham sentindo dificuldade para realizar suas reuniões. Eles alegaram que, por falta de comunicação com a secretaria da presidência da Casa, não conseguiram definir um local e horário fixos para seguirem com as sessões. “O Parlamento Jovem não tem comunicação com a presidência da Casa, mas em nenhum momento eu deixei de procurar o presidente Lícius para conversar sobre isso e pedir assistência. Aliás, nós dependemos da autorização de Lícius, enquanto presidente da Câmara, para prover as condições adequadas para o funcionamento do Parlamento. No entanto, não houve assistência legislativa nem jurídica. Eu cheguei a procurar assistência de funcionários desses setores, mas as respostas que obtive foram relacionadas à falta de tempo ou não-autorização por parte da Presidência”, cobrou.

CRÍTICAS

No entanto, o principal fator que indica que não há diálogo entre a Câmara e o PJC se refere às últimas colocações na imprensa de Lícius Cavalcanti sobre o trabalho desenvolvido pelo parlamento. O presidente reconhece, sim, que o projeto seja importante, porém ele não acredita que os parlamentares jovens estejam discutindo isso adequadamente. “O Parlamento Jovem tem que melhorar, ele veio para discutir políticas jovens. Eu me reuni com eles e pedi para que eles parassem de ser situação e oposição aqui. Foi um grupo representando o governo e outro representando a oposição, não é esse o projeto do Parlamento Jovem. Nós temos que ter uma essência diferente e discutir a possibilidade de novos nomes para Caruaru. Eles precisam discutir temas ligados às etnias, à falta de áreas de lazer para jovens, problemas relacionados a faculdades, não observam esse debate e fica quase na mesmice do que os vereadores já têm feito”, criticou o comunista. Ainda segundo Lícius, as propostas levantados pelos vereadores jovens já haviam sido discutidos pela Câmara e outros não teriam viabilidade de ser pautados no legislativo municipal, como seria o caso da solicitação de reconhecimento dos nomes sociais de travestis e transexuais em Caruaru.

Em trecho de entrevista no Programa Conteúdo, da Caruaru FM, Lícius critica Parlamento Jovem

Essas afirmações refletem que se faz necessária pelo menos uma reunião entre presidência da Câmara e vereadores jovens para que cada um exponha suas respectivas críticas. Para a vereadora jovem Joana Figueiredo (UFPE), autora do anteprojeto de eleições diretas para gestores escolares, Lícius não estaria acompanhando adequadamente os trabalhos do PJC. “Nós discutimos aqui a eleição direta para gestores escolares, por exemplo, porque é uma política pública, voltada para a educação, de extrema importância, para acabar com um antigo sistema de indicação política. O projeto foi apresentado ano passado, mas foi rejeitado pela maioria dos vereadores, então é claro que nos cabe discutir de novo essa proposta. Isso não é discutir política partidária”, argumentou.

Já na opinião do vereador jovem Cleyton Feitosa (LGBT), que lançou a proposta relacionada a travestis e transexuais, Lícius cometeu equívoco no entendimento sobre o requerimento dele. “Essa ideia, que representa a defesa da diversidade sexual, já é realidade em alguns municípios, por ter partido de uma adequação municipal na legislação, então o comentário do presidente foi infeliz, porque discutir diversidade é discutir políticas públicas. Nós tivemos, no entanto, problemas durante o período eleitoral, porque alguns estavam envolvidos em campanha, mas isso não significa que fazemos situação e oposição no Parlamento”, concluiu. Em meio a uma visível falta de entendimento entre os pontos de vistas de ambos os lados, os vereadores jovens anteciparam que pretendem se reunir com a presidência da Casa e com os vereadores da Comissão de Políticas Públicas para Juventude, com o objetivo de sanar esses ruídos de comunicação.