Mais um ato público dos professores da rede municipal de Caruaru na Câmara Municipal na noite dessa terça (09). Mais uma vez, a categoria tomou os vereadores como alvos por terem aprovado a atualização do Plano de Cargos e Carreiras (PCC) em janeiro e também criticaram as posturas dos edis em outras votações de projetos. Eles novamente incomodaram os vereadores da base do governo, ainda que dessa vez o foco tenha se desviado para a confusão entre Romildo Oscar (PTN) e Jajá (PPS), que passou mal e teve que ser encaminhado à UPA do Vassoural.
Inclusive, os professores aproveitaram o projeto apresentado semana passada por Jajá, para instituir um Dia Municipal da Educação, como forma de pressionar os vereadores a discutir melhorias para a educação e uma nova alteração no PCC. A proposta do vereador ainda tramita na Comissão de Legislação e Redação de Leis, embora alguns vereadores tenham adiantado nos bastidores que não veem problema em aprovar o projeto. Ainda assim, Jajá cobrou agilidade na avaliação do documento, tomou o partido dos professores e acentuou as críticas aos colegas. “Votaram projetos piores aqui, e essa minha proposta visa simplesmente valorizar a educação e os profissionais da área. Sabe o que acontece aqui? Temos vereadores que são obrigados a votar em o que o prefeito quer, temos um ditador em Caruaru e quero que vocês gritem comigo”, citou o vereador em discurso, que foi seguido pelos professores e estudantes que lotaram as galerias.
Para um dos representantes da Associação dos Trabalhadores em Educação de Caruaru (ATEC), Fred Santiago, a postura de Jajá revela que alguns vereadores têm se destacado positivamente nos últimos meses. “Mais uma vez fizemos a pressão necessária para mostrar que o Legislativo não atende as necessidades do povo. Estamos mostrando que, ou a situação muda, no sentido de melhorar serviços públicos, ou a população cada vez mais vai se mobilizar. Alguns vereadores têm se destacado, ou negativamente, ou positivamente. Quanto a Jajá, apesar de sermos apartidários, ele tem se colocado a favor de nossas bandeiras. Ainda assim, independente das colocações dele, a força do movimento dos professores vem das ruas”, explicou.
Por outro lado, o presidente da Casa, Leonardo Chaves, voltou a defender que não faz sentido que os professores protestem na Câmara, pois o projeto já foi sancionado pela prefeitura e a categoria precisaria dialogar com o prefeito. Aliás, por volta das 21h, Leonardo precisou suspender a reunião porque os vereadores não estavam mais conseguindo se pronunciar, como foi o caso de Heleno do Inocoop (PRTB), vaiado pelos professores ao tentar discursar. Para muitos foi o estopim para a confusão, uma vez que ele pediu paciência aos docentes e teceu elogios ao prefeito de Caruaru, Wolney Queiroz e ao senador Armando Monteiro.
“Lógico que alguém tem que ceder, mas a Câmara não tem poder de nada, quem tem é o Executivo. Esse é um ato de revanchismo dos professores, contra uma votação que nós fizemos, porque acreditamos naquilo que o prefeito disse: que o PCC atual era inviável para a prefeitura, para o CaruarruPrev e que tínhamos de tirar a gordura do PCC. Então, eles vêm à Câmara e fazem agressões gratuitas e acaba que alguns vereadores de oposição, até pra faturar politicamente em cima disso, termina jogando alguns colegas contra a categoria, o que gera discussões acirradas, e por isso tivemos que suspender a reunião, por falta de condições. O Regimento me determina que eu tenho obrigação de assegurar a palavra aos vereadores e a ordem na Casa e foi o que fiz”, defendeu Leonardo.
Mas, os professores pretendem continuar as mobilizações e vão, inclusive, participar do ato público promovido pelo Fórum Permanente dos Movimentos Sociais na quinta-feira (11), com concentração às 15h, mas que deve seguir até a noite, horário em que, aliás, ocorrerá mais uma reunião na Câmara Municipal, e os manifestantes devem aproveitar o momento para protestar novamente no Legislativo, com pautas que vão além do PCC. Sobre isso, Leonardo Chaves adiantou que encerrará qualquer reunião que não tiver condições de ser continuada devido a manifestações nas galerias.