A reunião da Mesa de Negociação Permanente com os professores da rede municipal de ensino em Caruaru no início da tarde desta quarta-feira (13) não foi decisiva, pelo menos não para findar o conflito entre categoria e prefeitura. Uma comissão de professores se reuniu com os secretários Antonio Ademildo (Administração) e Welson Santos (Educação) para que fosse apresentada a proposta da prefeitura de alteração na lei que atualiza o Plano de Cargos e Carreiras dos educadores, porém a nova redação do texto foi considerada insuficiente. Na verdade, os pontos mais polêmicos, referentes a gratificações, elevação por título e inserção de professores do Normal Médio, não tiveram nenhum avanço de diálogo, segundo os professores.
“A prefeitura ignorou totalmente aspectos cruciais do plano. No que diz respeito aos percentuais de elevação por especialização para pós-graduação, mestrado e doutorado ficaram como estava descrito no novo PCC, que representa uma redução, há a questão da incorporação de 25% da gratificação de regência, que a prefeitura negou, além disso, essa proposta não é coerente com vários outros pontos que discutimos nas reuniões. A julgar pelo sentimento da categoria e pela quantidade de pontos nocivos presentes no PCC, que não foram alterados pela prefeitura, é muito provável que essa proposta não seja vista com bons olhos. Desde que se iniciou o movimento, estamos em estado de alerta, mas recentemente diminuímos nossas mobilizações. A partir da apresentação dessa proposta, e havendo um entendimento de que essa proposta não atende nossa demanda, é possível que a categoria reveja o posicionamento atual e para as ruas”, explicou Fred Santiago, um dos membros da comissão de professores presentes na reunião.
Por outro lado, o secretário Antonio Ademildo, que intermediou a reunião, considera que a prefeitura pôde ceder até onde foi possível. “Apresentamo uma proposta de acordo com tudo que discutimos nas reuniões passadas e amanhã essa proposta deve ser apresentada em assembleia da categoria. Houve muitos questionamentos e muitos pontos que foram vencidos e aceitos pelo município. Mas não puderam ser acatados os pontos relacionados aos percentuais de elevação, integralização e ingresso de formados no Normal Médio, e há anda a questão da integralização de regência. O Poder Executivo achou por bem não atender esses pontos principalmente devido a questões financeiras e outras de acordo com os objetivos traçados desse novo instrumento”,
Ademildo justificou que entre essas metas está a preocupação com a qualificação dos professores. “Nossa preocupação é justamente oferecer qualificação e uma formação continuada para quadro de professores do município e, por isso, essa questão do ingresso de candidatos do Ensino Médio, por exemplo, não pôde ser aceita”, completou. Em contrapartida, o secretário pareceu pelo menos entender que os professores não ficaram contentes. “Não obstante termos atendido vários pontos discutidos no projeto, essas questões que ficaram pendentes, percebemos que houve certo descontentamento e insatisfação, mas a assembleia é que deliberará sobre a aceitação ou não da proposta”, concluiu.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caruaru (SISMUC), Eduardo Mendonça, a prefeitura resistiu a entender as demandas dos professores. “Eu não consigo entender que o Executivo Municipal tenha acreditado que Na verdade, esperávamos mais ou menos isso, já que a categoria foi convocada nesses últimos 15 dias para discutir o PCC e tentar acabar com essa imagem de autoritarismo surgida a partir da aprovação do PCC, que restringiu direitos conquistados historicamente na Educação. Essa proposta, que entendo como sendo do prefeito, não contempla vários pontos críticos, que são na verdade a garantia de prejuízos futuros. O que foi tratado em relação a finanças, a prefeitura se omitiu. Não sei o que passou pela cabeça do prefeito em imaginar que o que não foi aceitado pelos professores semana passada, seria aceitado amanhã”, criticou.
Os professores vão se reunir em Assembleia na manhã da próxima quinta-feira (14), para analisar se aceitam ou não a nova redação proposta pela prefeitura. O problema é que, da forma como transcorreu o encontro desta quarta à tarde, nem de um lado, nem de outro, parece se chegar à mesma língua quando o fator é financeiro. As palavras de Fred Santiago, aliás, são desanimadoras: “houve diálogo minimamente, até houve, mas muito infrutífero e não resultou na modificação daquilo que é nocivo no PCC”. Caso, os professores decidam recomeçar as paralisações, ou decretar greve, o secretário Antonio Ademildo já adiantou que a prefeitura já está analisando, através da procuradoria municipal, se haveria possibilidade de considerar uma futura parada da categoria ilegal.