Duas pesquisas e dois números muito diferentes. No último final de semana, os institutos IBOPE e Opinião divulgaram dois levantamentos com intenções de voto para candidatos a prefeito em Caruaru e deram resultados favoráveis ao prefeito Zé Queiroz (PDT), que apareceu na liderança, sem que fosse apontado empate técnico. Na pesquisa do IBOPE, encomendada pela TV Asa Branca, Queiroz apareceu com 21 pontos de vantagens sobre Miriam Lacerda (DEM). Na pesquisa do Opinião, encomendada pelo Blog do Magno, o prefeito apareceu em vantagem por 12 pontos. A equipe do blog consultou a cientista política Ana Maria de Barros, que ressaltou que as coordenações de campanha devem levar em consideração os dados de cada pesquisa para ter um quadro mais claro sobre perspectivas das eleições e afirmou ainda que todos os candidatos precisam se posicionar de forma mais clara sobre suas propostas.
“É preciso avaliar que há um cenário complexo aqui em Caruaru. Não dá pra dizer que um instituto é melhor que o outro. O que há de comum é que, nas duas, Zé Queiroz está na frente. O que gera repercussão entre o eleitorado é a diferença de resultados entre as duas pesquisas. Em uma, há vantagem de 21 pontos, enquanto na outra são 12 pontos. Ao meu ver, os militantes de Queiroz não devem cantar vitória antecipadamente, mas os militantes de Miriam também não devem cantar derrota. As pesquisas apontam um cenário difícil de definir, porque se de fato for 12%, não existe “já ganhou”, se for de fato os 21%, então seria um cenário definido. Eu repetiria as duas pesquisas, para que houvesse um quadro mais claro”, argumentou a cientista.
Ainda de acordo com Ana Maria de Barros, o desempenho nos guias eleitorais tem sido fundamental para apontar a evolução ou queda de um candidato nas pesquisas, como também ressaltou que a exposição de propostas de forma consistente é necessária para que a população possa absorver melhor cada programa de governo na reta final de campanha, que contará ainda com vários debates em emissoras de rádio e TV. “Em relação a Queiroz, ele precisa responder algumas questões, como o fato de ele propor um novo governo de participação democrática, enquanto há tanta reclamação sobre a ausência de participação popular no atual governo. O guia dele é eficiente e bem montado, mas ele, como candidato, precisa responder melhor isso à população. Já Miriam precisa detalhar suas propostas de programa de governo, que ficou escondido pelo tom denunciativo do guia. Ela perdeu bastante tempo com isso, com questões que o próprio prefeito já respondeu. Fábio José tem que se mostrar mais como candidato de esquerda, do PSOL, de extrema esquerda, que bate forte no clientelismo e coronelismo. Para ele convencer esse eleitor mais crítico, descontente com as oligarquias Queiroz-Lyra e Tony Gel-Miriam, ele precisa se mostrar como um nome novo de fato, caso contrário, ele será apenas mais um nome no cenário político de Caruaru”, reforçou.
NECESSIDADE DE RENOVAÇÃO
No entanto, Ana Maria disse esperar que as eleições deste ano sejam as últimas em que surgem candidatos que representam hereditariedade política. Pela análise dela, o eleitorado brasileiro se mostra cansado de votar nas mesmas figuras políticas a cada eleição. “Espero que cada grupo político apresente novos nomes, pois a política não é feita só de famílias, mas o poder em Caruaru parece que é hereditário, o que dá a entender que você só continua na política se você for parente de uma liderança. Há uma questão de fadiga eleitoral no Brasil. No Recife, por exemplo, o crescimento de Daniel Coelho e de Geraldo Júlio aponta que o eleitorado da capital, que não é tão tradicional como Caruaru, está cansado de ver os mesmos nomes do PT e de observar as brigas entre as lideranças políticas, não que as gestões do PT em Recife tenham sido mal avaliadas, mas se trata de uma fadiga por ver os mesmos nomes sendo lançados”, observou.