Opinião – Um outro mundo ainda é possível – por Paulo Nailson

Mário Flávio - 19.01.2012 às 09:14h

Na próxima semana inicia-se mais uma etapa do Fórum Social Mundial, agora temático e desmembrado. Reunidos em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo um público que se propõe debater e elaborar propostas para um novo mundo. Agora temático, o FSM concentra os debates nos temas centrais da conjuntura internacional que são acrise capitalista e justiça social e a justiça ambiental.

O FST 2012 se insere no processo do Fórum Social Mundial, iniciado no Brasil em 2001, e quer ser novamente um espaço de convergência do pensamento altermundista.

Em junho acontece no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que marca duas décadas da Eco92, o FST2012 também se insere como momento preparatório para a Rio+20 dos Povos que será um evento paralelo à conferência oficial e que reunirá lideranças e movimentos dos cinco continentes para pressionar por avanços na defesa dos direitos sociais e ambientais de todos os povos.

Duas décadas depois as promessas feitas pelos governos não foram ainda cumpridas. É preciso que movimentos e ativistassociais estejam presentes para marcar posições de desagrado com o modelo de desenvolvimento das economias capitalista,que gera devastação ao planeta e sofrimento aos povos. Serão dias de centenas de atividades, oficinas, palestras, seminários, conferências e atividades culturais.

De todo os continentes estarão presentes ativistas que foram protagonistas dos novos movimentos, tais como o Occupy Wall Street, a Primavera Árabe, os indignados da Espanha, as manifestações estudantis chilenas, entre outros.  Para se ter idéia da mobilização popular pelo mundo em 15 de outubro do ano passado aconteceram manifestações em quasemil cidades de 82 países.

A indignação com as desigualdades e injustiças políticas e sociais aparece como uma marca comum à maioria destes movimentos que questionam o “sistema” e “poder”, se confronta com sua destrutividade e rompem com a passividade das décadasneoliberais. A política de austeridade promete mais miséria e levam os jovens a se mobilizarem por seu futuro. Em todos os continentes, setores antes apáticos se colocam em movimento de forma pacífica, democrática, pluralista, unitáriaeautônoma em relação ao poder.

Estes movimentos nascem das necessidades e aspirações do presente, depois de três décadas de globalização neoliberal.

A mensagem é uma só: Precisamos reinventar o mundo. Nenhuma resposta efetiva parece estar emergindo dos poderes estabelecidos. Se trata de mudar o sistema para defender 99% da humanidade dos 1% que quer jogar sua crise sobre as costas dos demais. Precisamos reinventar o mundo.

Entre os dias 24 a 29 os Grupos Temáticos debaterão quatro eixos transversais:

1. fundamentos éticos e filosóficos: subjetividade, dominação e emancipação;

2. direitos humanos, povos, territórios e defesa da Mãe-Terra;

3. produção, distribuição e consumo: acesso à riqueza, bens comuns e economia de transição;

4. sujeitos políticos, arquitetura de poder e democracia.

Por uma agenda comum, vamos continuar reinventando o mundo!

 

NUM DIA COMO HOJE

 

Em 20 de janeiro de 1971 Rubens Paiva, deputado cassado (PSB), é seqüestrado pela ditadura e desaparece, no Rio. O atestado de óbito sai em 23/2/96.

 

ATÉ QUANDO?

 

Apesar do compromisso do presidente Obama de fechar o centro de detenção de Guantánamo antes de 22 de janeiro de 2010,em meados de dezembro de 2011 o centro albergava 171 homens. Pelo menos 12 dos trasladados a Guantánamo no dia 11 de janeiro de 2002 ainda continuavam presos. Um deles cumpre pena de cadeia perpétua imposta após ter sido declarado culpado por uma comissão militar, em 2008. Nenhum dos 11 restantes foram acusados formalmente. Em 10 anos, somente um dos 779 detidos da base foi trasladado aos Estados Unidos para ser julgado por uma corte federal ordinária. Outros têm sidosubmetidos a julgamentos injustos ante comissões militares. Atualmente, nesse tipo de julgamentos, o governo tenta obter a pena de morte para seis dos detidos. O centro de detenção de Guantánamo, situado na base naval estadunidense em Cuba, converteu-se em um símbolo de tortura e outros maus tratos após ser aberta quatro meses após os atentados de 11 de setembro.

PARA REFLETIR

“Se outro mundo é possível, isso se dará a partir da convergência de todas essas mobilizações, da sincronia entre todos que lutam pela preservação ambiental, do diálogo entre as forças sociais e políticas convencidas de que dentro do capitalismo não há salvação para o futuro da humanidade.” Frei Betto.

Paulo Nailson é militante político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi filiado ao PT por mais de 1 anos. Cursa Serviço Social.