Opinião – Segregação sócio-espacial – por Paulo Nailson*

Mário Flávio - 16.06.2012 às 08:00h

Pouco mais de um mês depois de anunciar a vinda de uma empresa chinesa a Caruaru representantes da montadora de veículos estiveram aqui para detalhar a instalação da fábrica. Cerca de R$ 1 bilhão vai ser gasto na construção da montadora de caminhões a primeira unidade da empresa nas Américas. A empresa ocupará uma área que corresponde a 300 estádios de futebol e deverá ficar pronta em dois anos.

Caruaru vai caminhando para 300 mil habitantes, agravando os problemas habitacionais, pois mesmo os poderes públicos anunciando novas unidades habitacionais já entregues e outras por entregar não conseguem dar respostas para a constante necessidade de abrigo seguro para a população. Acelera-se a construção de altos edifícios ocupados pela classe alta da cidade. A classe média vai migrando para condomínios fechados buscando abrigo e segurança. E os outros menos abastados?

Entendendo a segregação como separação e distanciação, a restrição a certas variáveis da vida social, a indivíduos, grupos ou instituições característicos, tendo em vista objetivos sociais específicos. Trago à reflexão a ocupação social do espaço.

O processo de urbanização (acompanhado pela industrialização) é um dos principais responsáveis pelo fenómeno segregativo. É caracterizado pelo aumento do número de cidades e pela sua dimensão, bem como um aumento do volume e da densidade populacional; resultante, e principalmente, dos processos migratórios, que, devido à mobilidade geográfica (o êxodo rural, por exemplo) determinam uma alteração das ocupações setoriais da população.

A chegada de pessoas à cidade à procura de trabalho provoca as diferenças demográficas assistidas entre as zonas urbanas e rurais (particularmente uma aglomeração populacional bastante diversificada entre estas estruturas).

É deste processo que nasce, nas zonas urbanizadas, uma população diversificada e heterogénea (diferentes etnias, culturas, usos e costumes) em contraste com a homogeneidade rural.

Talvez até inconscientemente vai aparecer aqui o ajustamento da estratificação mercantil (mercado imobiliário) ao escalonamento social (rendimentos e nível de vida) tornando a inclusão e gestão distributiva dos vários serviços, discriminatórios.

Há um estudo que mostra que enquanto o valor médio do metro quadrado no Estado é de R$ 508,22, em Caruaru pode chegar até a R$ 1.500,00. Então precisamos pensar cada vez mais no avanço que teremos com o processo industrial e econômico harmonizando com a qualidade de vida do maior número possível da população, buscando proporcionar uma justa distribuição desta riqueza projetada.

Daí assuntos como Mobilidade Urbana, Transporte público, Segurança, Habitação e legalização de loteamentos precisam ser discutidos e tratados com um olhar não só especulativo que beneficie a classe empresarial, mas a grande camada da população que vive sacrificada com baixo poder aquisitivo.

A cidade está se transformado rapidamente, grandes avenidas bem sinalizadas, centros de compras se expandindo, a economia sendo fomentada atingindo todas as camadas sociais, vamos buscar cada vez mais excluir menos, por uma sociedade mais solidária, com oportunidades iguais e moradia digna para todos.

GRATIDÃO – Hoje é o aniversário de Mário Flávio. A Deus nossa gratidão por tudo que tem feito em sua vida e família. E pelo seu trabalho profissional na imprensa. Felicidades e sucesso camarada!

RIO+20 – Mais de 100 líderes de todo mundo estão no Brasil exatamente 20 anos depois. Os países mais ricos e em desenvolvimento querem diminuir os compromissos assumidos na Rio 92.

CÚPULA DOS POVOS – Em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), começou ontem a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental. O evento acontece também no Rio de Janeiro, com a presença de ativistas de meio ambiente, de direitos humanos, jovens, entre outros atores sociais. A Cúpula quer mostrar a força dos movimentos populares e chamar atenção para a necessidade de construção de uma nova forma de se viver no planeta.

Durante os nove dias de Cúpula, especificamente durante a Assembleia Permanente dos Povos será construído, a várias mãos, o documento final do encontro. Os três eixos principais que serão debatidos e devem constar no documento são: denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital; soluções e novos paradigmas dos povos e estimulo a organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20.

FELIZ DE QUEM LUTA PELO BEM COMUM

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” Mateus 5:6

Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos. Cursa Serviço Social