Opinião: “Que venha 2012”. Por Diego Cintra

Mário Flávio - 18.12.2011 às 08:00h

Dezembro de 2011. Nos aproximamos de um novo ano e a ocasião é de festas e reflexão sobre nossa caminhada até aqui. Nesse período faz parte de nossa cultura que ponderemos sobre nossas escolhas, derrotas e conquistas ao longo do ano. Enquanto indivíduos é comum refletirmos sobre nossa situação familiar e profissional. Revisamos o que aprendemos, o que melhoramos e o que ainda podemos aperfeiçoar.

O exercício é válido. Faz bem pro nosso corpo e pro nosso espírito. Inclusive, essa é uma das vantagens de sermos seres pensantes: temos memória e somos capazes de constantemente nos autoavaliarmos para continuarmos seguindo em frente. Que assim seja. Mas que seja um pouco mais dessa vez. Fica aqui uma provocação para, além de revermos nossa postura enquanto indivíduos – núcleos isolados num contexto social – considerarmos também nossa posição enquanto cidadãos, integrantes de um organismo maior chamado sociedade.

O momento é mais que propício para a iniciativa. Um novo milênio descortina-se a nossa frente com características que nem os melhores cientistas sociais conseguiram ainda definir plenamente. A pós-modernidade tem muitas faces para poucas palavras. A história está sendo feita e fazemos parte de um momento único. Em apenas 11 anos o novo século já acumula acontecimentos marcantes e faz parecer que o tempo está acelerado.

A sociedade da informação se consolida e vem permitindo nos sentirmos mais próximos, interligados, interdependentes. Acompanhamos com atenção notícias sobre a Grécia, Oriente Médio e China, cientes de que “o bater de asas de uma borboleta na Ásia pode causar um tornado nas Américas”. Enquanto uns adotam um tom apocalíptico por conta do noticiário sensacionalista outros afirmam que é justamente por estarmos mais conscientes que enxergamos com mais clareza a nossa realidade.

Dentre os acontecimentos históricos deste novo século que marcaram o ano de 2011 podemos citar a onda revolucionária que contagiou algumas nações do Oriente Médio e do norte da África. Conhecido como Primavera Árabe, o movimento que levou milhares às ruas na Tunísia, Egito, Líbia e tantos outros países, mostrou o lado político dessa conscientização global. A difusão da tecnologia da informação, sobretudo da internet, desempenha um papel fundamental nesse processo.

A proximidade digital entre os povos difunde noções de democracia, justiça, liberdade e igualdade com uma velocidade inédita. Mídias sociais foram usadas para convocar a população para tomar praças e ruas, para lutarem por seus direitos e mostrarem ao mundo que eles existem e sabem o que querem enquanto nação. Na mesma linha, no segundo semestre de 2011, um movimento chamado #ocupewallstreet se espalhou pelo mundo e levou centenas de pessoas a acamparem, por dias, em lugares estratégicos de grandes metrópoles. Tudo para protestar contra o atual sistema financeiro, baseado nos juros e na especulação.

Essas manifestações são exemplo de um despertar político próprio de nosso tempo. É um acordar social que conta com a mídia não para ditar o nome do novo presidente, mas para aproximar os integrantes de uma pátria e difundir noções de direitos fundamentais, dignos de uma democracia efetiva. E qual o nosso papel neste momento da história? O que estamos fazendo para melhorar o mundo em que vivemos? O que devemos esperar, enquanto nação, do ano de 2012? Nossas necessidades são muitas. Enquanto sociedade, precisamos nos unir e defender direitos comuns.

É preciso estabelecer metas, definir prioridades. Saber o que se quer é fundamental para sermos ouvidos e podermos agir. Enquanto brasileiros clamamos por uma reforma política séria, transparência nos gastos públicos, participação da sociedade civil na elaboração de políticas públicas, uma reforma tributária eficaz e muitas outras ações necessárias para aperfeiçoar de fato nossa democracia. Vamos aproveitar a tecnologia de nossa era para acompanhar o trabalho de quem nós elegemos, para nos comunicarmos, trocarmos ideias e agirmos. Devemos lembrar que somente os povos que tomam as rédeas de seu destino podem deixar um futuro melhor para as próximas gerações. Mostremos a nossa mãe gentil que seus filhos estão despertos e não fugirão à luta por um futuro melhor. Que venha 2012.

Diego Cintra é Advogado, Especialista em Direito Público e Professor Universitário. @DiegoCintra