Opinião: PT 32 anos: pra trás e pra frente. Por Louise Caroline

Mário Flávio - 10.02.2012 às 12:30h

Hoje comemoramos 32 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. A história de movimentos populares, sociais e sindicais que decidem disputar institucionalmente o Estado e os recursos públicos sempre concentrados na mão das elites. A história de um Partido estudado no mundo inteiro como experiência exitosa na implementação de um novo modelo de democracia: daquela restrita ao voto eleitoral àquela partilhada nos orçamentos participativos, nas conferências de políticas públicas e na resignificação da política.

Um partido de massas. De militantes. De fidelidade partidária e voto programático, características raras em um sistema político fragmentado e personalista. Um partido de idéias e ideais, de políticos comprometidos com a coisa pública. Um partido de governo.

O fenômeno dos Governos do Presidente Lula, com todas as contradições de uma coalizão imposta pelo sistema presidencialista e pelo multipartidarismo, elevaram o PT a um reconhecido exemplo de inclusão social e soberania internacional. Uma mirada especial aos oprimidos de dentro e de fora do país. A data de hoje é de alegria. De comemoração. E de olhar para o futuro. Como serão os próximos 32 anos do PT?

A primeira geração petista elaborou uma estratégia de partido e de governo. Agora, com 10 anos de governo federal, cabe elaborarmos uma nova estratégia que compatibilize a capacidade militante de um partido de massas com uma gestão pública capaz de saltar da democratização do capitalismo para uma sociedade socialista.

É que um partido eleitoralista, com lideranças personalistas e adaptado ao jogo econômico do processo eleitoral não é o PT dos 32 anos pra trás, nem o que queremos pra frente. Um Estado de bem-estar social, universalizador de direitos básicos sem transformações nos fundamentos da exploração dos seres humanos, não é o PT dos 32 anos pra trás, nem o que queremos pra frente.

O desafio que temos nessa data reflexiva, como são os aniversários, é entender que para sermos os mesmos temos que ser diferentes. A mesma estratégia não cabe a um período histórico distinto. Nossas vitórias exigem outras atitudes. Não precisamos mais consolidar um partido nacional, mas fazê-lo manter sua capiralidade social, sem espaço para os empresários da política e os políticos de si mesmos. Não precisamos mais chegar à Presidência da República, mas fazer dessa oportunidade um marco de rupturas que não exijam coalizões esquizofrênicas, nem submissão aos banqueiros e aos latifundiários.

A experiência da social-democracia européia é um exemplo que precisamos analisar como alerta. Não basta incluir gente na economia sem incluí-la na política, não basta fazer remendos igualitários em um sistema de desigualdades. Deixar o Estado refém do sistema financeiro capitalista é deixar qualquer possibilidade de sucesso de nossa estratégia refém de nossos inimigos.

Aos que terão a responsabilidade de dar continuidade à vida do PT, cabe mergulhar nos melhores sonhos desses 32 anos e perceber que foi ousadia de puxar a linha do horizonte o sustentáculo desse projeto. Fazer o que parecia loucura e apostar no motor da história quando se dava a história como morta moveu nossas conquistas.  A história exige novas ousadias. Mudar para que sejamos os mesmos.

            Vida longa ao PT!