Esse duelo entre imagem e conteúdo é antigo. Uma discussão sempre atual e presente em todos os segmentos. Uma busca pessoal pela identidade que acaba expressando não só a verdadeira imagem de algo ou alguém, mas principalmente suas intenções. No mundo cada vez mais virtual acaba prevalecendo muitas vezes a imagem ao invés do conteúdo. A busca pela estética perfeita, o modelo ditado e imposto pelos que produzem a moda, as cobranças de uma sociedade cada vez mais exibicionista e que se esforça por impressionar mais pelo que se tem do que pelo que se é.
Quantos de nós não passamos de um holograma? Você lembra a última vez que esteve num ambiente em que aquilo que vemos parece real, mas sabemos que em si não são? Parecem tão reais na sua tridimensionalidade! Assim é a nossa suposta “realidade”. Segundo David Icke, nós não enxergamos com os nossos olhos e sim com o nosso cérebro. Ele vê o que foi condicionado desde criança pela educação, cultura, sistema de crenças etc. É comum vermos isso em filmes de ficção, um tipo de representação visual do que existe ou pode vir a existir; imagem virtual ativa exposta em lugar diferente de onde está o objeto real. A imagem é perfeita, mas se a tocarmos vemos que é apenas uma imagem.
Não é diferente no universo político. Com ajuda da publicidade muitos políticos influenciam o público com aparência daquilo que se quer transmitir e não o que se é de verdade. Cuidar e manter uma boa imagem não é errado, mas sustentar uma imagem que não corresponde a realidade é perigoso, pois logo aquilo que se é não se consegue mais maquiar. Escândalos sucessivos nos últimos anos têm levado muitos poderosos à justiça. Políticos, juízes e empresários, antes à cima da lei e intocáveis, estão sendo expostos, julgados e até condenados. Há um dado que diz que todos os anos o Brasil perde cerca de R$ 6 bilhões de reais só por conta da corrupção. A corrupção não é um problema recente, acompanha nossa história desde o período colonial.
Mas não é tão fácil discernir entre o real e o imaginário. O que se mostra e o que se é. E com o advento das agências de publicidade e o avanço tecnológico é difícil não se comover com aquele político antes detestado e agora, como um holograma, se apresenta tão real como padrão de perfeição. Como ter certeza se aquilo que vemos ou ouvimos corresponde com aquilo que é verdadeiro? Consegue o povo ter este discernimento?
Posso e devo acreditar até no que não vejo, quando o faço alimentado por uma crença, uma fé em alguém ou algo que decido crer. É possível crer em pessoas mesmo com suas limitações e inclinação para fazer o que é errado, pois isso é uma das dimensões do ser humano. Nestes eu acredito, seja na vida pública ou não. Que ainda buscam SER tendo ou não. Que muito tendo permanecem SENDO e que não descuidam de vínculos, não descartam pessoas em detrimento de coisas.
Pessoas assim não vivem em vão e são de fato as que fazem diferença na vida da gente, sejam políticos ou não. Pessoas presas a valores e princípios reais e não há hologramas. Entre as belas canções de Guilherme Arantes, uma delas (Toda vã filosofia) tem um refrão que diz:
“Por isso insisto em cultivar,
Nos meus sonhos minha fé
Esteja onde eu estiver
Tendo você
E eu estou em segurança”
Seguro n’Ele, nada mais nos abate.
O que vale mesmo é… – “Governos se comunicam antes de tudo pelo gesto – pelo que é feito, realizado e que toca na sensibilidade das pessoas. A propaganda institucional, ainda que importante e decisiva, age como complemento.” Luciano Siqueira – Deputado do PCdoB
*Paulo Nailson é dirigente político com atuação em movimentos sociais, Membro da Articulação Agreste do Fórum de Reforma Urbana (FERU-PE) e Articulador Social do MTST. Edita a publicação cristã Presentia. Foi dirigente no PT municipal por mais de 10 anos. Cursa Serviço Social.