A já tradicional Festa da Macambira serviu de prévia para as danças que se desenrolarão ao longo desde e do próximo ano, visando à sucessão estadual. Na próxima festa junina já teremos definidos os parceiros, as alianças, que formarão os pares e dançarão rumo ao Palácio do Campo das Princesas. Estavam ali representadas todas as tendências políticas do Estado, todos em stand by, aguardando o sinal para deflagrar, oficialmente, o arraste pé pelo Estado, apresentando à população suas candidaturas.
O Governador Eduardo Campos (PSB), do auge de sua popularidade, é o noivo, o parceiro de dança cobiçado por todos, afinal ser ungido como seu candidato dará a vantagem a qualquer dos pré candidatos, já definidos.
Entretanto a quadrilha estadual está atrelada aos passos de Eduardo em nível nacional, se o mesmo em seu Grande Passeio resolver desviar da sua aliança com o PT, o seu projeto de uma candidatura única pela Frente Popular para Governador pode ir para o Caminho da Roça. Afinal, nesse balancê com o Governo Federal, Eduardo só contará com o apoio do PT para o lançamento de uma candidatura única se houver uma meia volta ou volta e meia no seu projeto presidencial.
Se isso ocorrer ele poderá escolher o seu candidato in pectore, do peito, entre os membros do PSB, mantendo dessa maneira a sua influência sobre Pernambuco pelos próximos quatro anos. Destacam-se nesse cenário, o vice-governador João Lyra (PDT), com um lastro próprio de votos no interior e político experiente, ou a possível repetição da escolha de um quadro técnico, como feito em Recife, Tadeu Alencar ou Paulo Câmara.
A escolha de um quadro técnico vai depender principalmente do deslanche da gestão de Geraldo Júlio (PSB). Se o mesmo não atender as expectativas geradas durante a campanha, o que até agora não conseguiu, dificilmente esse tipo de discurso emplacará, o do candidato de perfil técnico e um rosto novo na política.
Para esse cenário se concretizar, teremos que aguardar uma definição, pois se até um mês atrás membros do staff do governador davam como certo o seu voo presidencial, surgiram na última semana movimentos que turvam essa certeza. O pronunciamento de um membro da base do Governador, do seu círculo íntimo, Vinicius Labanca, afirmando que ele está analisando outros cenários, como terminar o Governo ou até uma candidatura a senador. Uma hipótese que é referendada pelas notícias de ruídos entre ele e o agora aliado Jarbas Vasconcelos (PMDB), uma das ausências mais notadas no sábado passado na Macambira.
Se Eduardo levar adiante a sua candidatura presidencial, o Alavantú, efetivamente teremos um Anarriê, uma volta, com várias damas e cavalheiros trocando de lado e de parceiros. Estimulados pelo PT nacional, teremos múltiplas candidaturas de oposição, que procurarão replicar em solo pernambucano, para o candidato do PSB, o cenário de uma eleição com múltiplos candidatos possivelmente causando um segundo turno e com a oposição se unindo nele. E com Lula entrando maciçamente na campanha, algo que ele não fez na eleição para prefeito do Recife, relembrando o apoio dado ao Governador de Pernambuco e assumindo a paternidade de várias ações federais em solo pernambucano.
O PT nacional e estadual estão aguardando esse posicionamento de Eduardo para a troca de pares. Com o mesmo sistematicamente adiando o processo, de setembro de 2013 passou agora para janeiro de 2014. Provavelmente irão ao centro da dança. O Senador Armando Monteiro (PTB), que sábado fez questão de passar em todas as mesas e tirar fotos com os convidados. E o Ministro Fernando Bezerra que está apenas aguardando a ordem do animador da quadrilha para pular a cobra e trocar de lado. A esses se juntará o candidato que terá a missão de oferecer o palanque a candidatura de Aécio Neves pelo PSDB no estado.
Sabendo do risco de implosão da sua base e perda do controle do processo de sucessão com a divulgação do escolhido, Eduardo vem postergando ao máximo o debate estadual. A única certeza é que processo exigirá mais do que nunca do seu jogo de cintura para que a harmonia da dança não desande, a unidade da frente, e a banda não desafine.
*Mário Benning é analista político