Erra por muito quem aposta na falta de memória da população, ainda mais quando se trata de gente apaixonada por sua terra, como são os caruaruenses. O nosso povo deixa de lado quem não trabalha, quem não constrói, e repudia quem tenta apagar as ações que promovem a cultura e enaltecem o valor de Caruaru. O Memorial da Feira, por exemplo, sofreu sete anos de total abandono pela gestão passada. Mas, em 17 de dezembro de 2009, a menos de um ano do terceiro mandato do Prefeito José Queiroz, o espaço foi reinaugurado. Hoje, os turistas, os estudantes e os caruaruenses têm um lugar certo para o reencontro com a história da cidade.
A Casa de Cultura José Condé foi encontrada pelo governo atual sem condições de funcionamento. Só um vigilante trabalhava no local, tomado por infiltrações, mofo, rede elétrica interna imprestável e estrutura física comprometida. Em 2011, foram gastos mais de R$ 150.000,00 para reformar o prédio e colocá-lo à altura de abrigar o Pontão de Cultura e os diversos grupos artísticos que utilizam suas instalações.
O caso da Biblioteca Municipal é outro testemunho do descaso e do desrespeito com a nossa cultura. Livros raros e o acervo bibliográfico de Álvaro Lins, gentilmente doado pela família a Caruaru, foram abandonados às traças, em úmido e inadequado local na Estação Ferroviária. Foram anos e anos sem que importantes produções científicas e literárias fossem utilizadas por pesquisadores e estudantes. No novo espaço, inaugurado no terceiro mandato do prefeito José Queiroz, as obras ficaram abrigadas e protegidas. Em ambiente climatizado e adequado, estão disponíveis para consulta. Houve, porém, o cuidado de deixar, no interior da nova biblioteca, um registro fotográfico das condições em que o acervo bibliográfico foi deixado. Uma memória necessária.
Talvez por falta de assunto, os “promotores” da cultura atacam a ampliação do Pátio de Eventos Luiz Gonzaga. Mesmo tendo a Prefeitura construído uma nova cidade cenográfica na Estação Ferroviária e mesmo comprovado em pesquisas a satisfação dos caruaruenses e dos turistas com o aumento da área do São João, os detratores da Fundação de Cultura “denunciam” a destruição da antiga Vila do Forró.
O mesmo formato irracional de ataque se dá na questão do Alto do Moura. A cobrança é sobre a demora na implantação de um projeto que dê a dimensão de sítio histórico-cultural à vila que abriga a gastronomia regional, o artesanato do barro e a memória do Mestre Vitalino. A reivindicação faz sentido, e será atendida, mas não pode ser vocalizada pelos que poderiam ter feito muito na localidade e nada realizaram quando tiveram a oportunidade.
Ainda este mês, a Prefeitura promoverá a Conferência Municipal de Cultura, momento fundador de um projeto geral para a promoção artística na cidade. A perspectiva é de uma virada de página na direção de planejar ações sintonizadas com os novos tempos de Caruaru e do Brasil. Isso tudo com ampla e irrestrita participação de artistas, músicos, intelectuais e promotores da cultura.
Esse novo momento dará direção ao trabalho da Fundação de Cultura e implicará projetos e calendários permanentes de eventos nas mais diferentes áreas da criação artística. A juventude ávida por expressão somará sua energia com a experiência dos profissionais e dos que fazem da resistência cultural uma profissão de fé e um exemplo de vida.
A expectativa é de novos tempos, com mais produção, mais alegria e mais movimento em toda Caruaru. Essa nova etapa reservará suas maiores recompensas e reconhecimento para quem quer servir à nossa população. Aqueles que perderam o bonde da história e, hoje, só destilam um criticismo áspero e ressentido, ficarão relegados àquele tipo de memória que todos preferimos não trazer de volta, mas cuidamos para que não mais se repita.
*Djair Vasconcelos- Diretor de Cultura da Fundação de Cultura de Caruaru