Opinião – Educação do faz de Conta. Parte I – por Mário Benning*

Mário Flávio - 26.10.2012 às 08:00h

Há muitos anos, em que entra campanha e saí campanha, e todos os candidatos, em todos os partidos e em todos os níveis de governo, prometem que em seus governos a educação pública será prioridade. Entretanto, quando partimos para um balanço realista da situação da educação brasileira, vemos que na realidade o que acontece é mais pirotecnia, maquiagem ou pura embromação.
Não existe uma causa, um problema, para a educação brasileira, mas na realidade é uma verdadeira síndrome, com tantos fatores que agravam o cenário que resolver esse nó górdio é dever do Estado, mas também exige ampla participação popular.

Se no passado o desafio era a universalização do acesso ao ensino o desafio hoje é fazer com que as escolas alcancem a excelência. Os problemas se acumulam, temos escolas sem nenhuma estrutura física: carteiras, quadro, banheiros, salas quentes, sem material didático ou área de lazer. O pior é que mesmo com escolas reformadas em algumas redes, o problema é o conteúdo, tais escolas que estão até em razoável estado físico, converteram-se em sepulcros caiados, pois são bonitinhas por fora e, e com o perdão da palavra podre por dentro, pois são apenas depósitos de alunos, que saem tão ignorantes quanto entram.

Durante a campanha municipal vi a gestão atual comemorando uma nota 4,4 no IDEB quando na gestão anterior foi 3,4, com o argumento que avançou… É realmente avançou, o problema é o nível do avanço, que ocorre a passos de tartaruga. A nota 4,4 do IDEB significa que nossos filhos, numa escala de 0 a 10, teriam médias 4,4. Se eu chegasse em casa nos meus tempos de estudante com uma nota dessas e comemorando, garanto que iria passar um bom tempo sem tv e sem sair de casa. Entre os piores somos os menos ruins…

Os nossos alunos do ensino médio saem com um nível de conhecimento de um aluno do 7º ano. Não sabem interpretar, e são incapazes em inúmeros casos de um raciocínio matemático básico, e se for com decimais é um Deus nos acuda. Já vi classes de 8ª ano que não sabiam a tabuada e que eram incapazes de ler e entender um texto de jornal. Mas nesse caso o importante não é a situação real é criar factoides que tirem o problema de vista, como mandar alunos para o exterior ou dar tabletes como se a simples presença da tecnologia em sala fosse uma varinha de condão a transformar tudo em ouro.

Mário Benning é analista político e professor