As recentes notícias a respeito do suposto assédio sexual no âmago do governo Lula são, acredito, um dos maiores desafios que a militância esquerdista terá de enfrentar em muito tempo.
O antes festejado Silvio Almeida, alçado ao quase-patamar de Martin Luther King, pela representatividade que personificava no Ministério dos (ironia) Direitos Humanos, foi acusado de assediar diversas mulheres, entre elas a Ministra Anielle Franco: mulher, negra, homossexual, “de favela”.
Ora, um homem negro perpetrando um atendado sexual contra uma mulher negra? Se isto não for uma repetição execrável das atitudes dos famigerados “capitães-do-mato”, eu não sei como descrever.
Ao que parece, ele não só “mexeu com uma”, mas “mexeu com todas”, pelo menos, aquelas a quem ele era superior, usando de sua posição privilegiada (apesar de não ser branco) para “colocar para fora” (não sei se literalmente) os seus mais torpes desejos. Talvez seja isso que signifique “o governo do amor”, né? Quem sabe?
Ainda entorpecidos pela dúvida acerca de quem defender, e sempre ao som de um tímido, quase envergonhado, “precisamos investigar mais”, as hordas governistas estão esperando o quê? Ainda colocam em dúvida as denúncias que própria ministra irmã da Marielle fez? Ainda esperam para ver se ela mentiu? Cadê a sororidade, pove?
Eu creio que os militantes de esquerda, ora intitulados “movimento negro”, ora rotulados de “movimento feminista” apenas aguardam instruções precisas sobre quem será defenestrado do governo e, portanto, quem merecerá todo o seu “ódio do bem” e sua gritaria nas redes sociais.
Por muito menos que isso, se um dos envolvidos não fosse “da patota”, a Internet já teria caído em choro e ranger de dentes. Mais uma vez a esquerda demonstra que o problema não é O QUE se faz, mas QUEM faz.
*João Antonio é professor e presidente do NOVO em Caruaru