Opinião – Atingimos o Fundeb do Poço? – por João Antônio*

Mário Flávio - 22.07.2020 às 17:36h

Muito se discute sobre “a vitória contra o governo do Bozonero” (termos que li em vários lugares) que foi esta aprovação do “novo” Fundeb. Bom, sabe quem decididamente NÃO VAI obter os espólios desta “vitória”? Os alunos! As crianças! Os jovens a quem a educação pública deveria se dedicar.

Professores bons e ruins continuarão recebendo valores iguais entre si, mesmo executando trabalhos de relevâncias bem distintas. Gestores bons e ruins vão continuar recebendo valores sem que haja comprovação REAL de resultados de aprendizado (algumas “comprovações” usam métricas inúteis, quando não são fraudadas!).

“Ain, João, mas o IDEB tá aí pra atestar a qualidade..” Sério? Falei em “métricas inúteis” e “fraudes” mais acima justamente pensando nele.

A VERDADE É UMA SÓ: O Fundeb É BOM PARA QUEM TRABALHA no ramo de educação pública, mas NÃO É BOM (não é eficaz) para quem estuda na educação pública. Isso é UM FATO. “Ain, como você pode dizer uma coisa dessas, João?”

Desde 2007, ano da criação do Fundeb, até 2018, o Brasil só fez DESPENCAR em exames mundiais de educação – especialmente o PISA, o mais completo deles. NINGUÉM pode abrir a boca para dizer que “a educação melhorou por causa do Fundeb”, porque ela simplesmente NÃO MELHOROU.

Para o mundo, nós somos uma nação de Jovens Neandertais em linguagem, Semiprimatas em ciências e Amebas em matemática. E o PISA também deixou claro O ABISMO que existe de qualidade entre as escolas públicas e as escolas privadas no país.

Vários países na África subsaariana, que investem bem menos que nós em educação (porque são naturalmente mais pobres), estão em posições equivalentes às do Brasil… alguns até estão melhores.

LIBERDADE EDUCACIONAL é uma das principais características comuns dos países mais bem colocados. Gestão educacional não-centralizada. Liberdade de currículo. MENOS INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL na gestão educacional e mais competitividade entre entidades escolares: essas são algumas das possíveis providências que contribuiriam para a evolução da educação – e, com isso, da vida e o futuro dos nossos jovens.

Ainda falta muito para melhorar… Mas NÃO É O FUNDEB que vai solucionar (já provou-se inútil). A essa altura, na verdade, eu espero que esse aumento no Fundeb simplesmente NÃO PIORE as coisas.

Professores devem ganhar mais? SIM, professores BONS devem ganhar mais! Professores MELHORES devem ganhar bem mais que os professores RUINS e MEDÍOCRES…

Sem esse incentivo, como os professores ruins vão entender que precisam melhorar? Como os professores medíocres vão ser sinalizados de que precisam se esforçar para entregar MAIS CONTEÚDO e de MELHOR QUALIDADE para seus alunos?

Enquanto professores BONS e professores MEDÍOCRES receberem, por lei, exatamente a mesma coisa, os segundos não serão obrigados a melhorar e os primeiros até poderão se acomodar – o que é, mais uma vez, ruim para os alunos que deles dependem!

Começa por aí… Mas, para isso, precisamos ter LIBERDADE e AUTONOMIA para gerir as escolas onde nossos filhos estudam. É necessário haver liberdade de escolha desde o currículo, a metodologia, a gestão financeira, a contratação e a demissão de quem trabalha com educação.

Alunos pobres (os que dependem da escola pública) precisam ter o mesmo direito que os alunos ricos (que normalmente podem escolher em que escolas vão estudar) de ESCOLHEREM – usufruirem dos benefícios DA LIVRE CONCORRÊNCIA… Concorrência não pelo preço, mas pela escolha das melhores escolas… Pagar mais a professores MELHORES é um bom começo.

EDUCAÇÃO deve ser pensada, planejada e executada para os alunos, não para os que trabalham com ela.

*João Antonio é Professor