Opinião – As eleições internas do PT no Brasil: um partido, partido – por Herlon Cavalcanti*

Mário Flávio - 18.11.2013 às 17:05h

O PED, Processo de Eleição Direta do PT, Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em todo Brasil, realizado no ultimo dia 10, mostrou a dura realidade em que o partido, militantes e seus dirigentes chegaram! É triste mais é verdade, estamos perdendo a força da participação popular dentro do próprio partido. O alto índice de votos brancos e nulos é um retrato da situação. Votos Brancos 26.905 e nulos 8.943. Um resultado final 35.848 pessoas que disseram não a esse modelo ultrapassado de fazer eleições internas do PT a nível nacional na escolha do novo presidente. E olha que não estou colocando os números dos que não foram votar.

Qual o verdadeiro motivo desse cenário de afastamento dos integrantes do PT em todo Brasil nas urnas eleitorais? Alguém me responda, por favor? Bem! Cada um que faça seu julgamento e por qual motivo disseram não. Vou tentar apontar um pouco do rumo desse cenário na minha compreensão e vida orgânica no partido. Alguns nobres parlamentares estão no poder a mais de 40 anos e cadê a renovação do partido? Cadê as novas estrelas brilhantes nesse processo? As estrelas foram apagadas por muitos, por brigas internas, vaidades, poder, cargos, conchavos e ganância.

Acho que o escândalo envolvendo alguns integrantes do PT no processo do mensalão na cobertura midiática foi o termômetro desse descrédito atual em que se encontra o PT, mesmo alguns indiciados sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sem provas reais. Outro ponto que quero levantar é o distanciamento do partido nos movimentos sociais, outra grande falha de condução.

Na esfera nacional, o atual Presidente Rui Falcão, consegue uma vitoria esmagadora sob os demais concorrentes, com 268.243 votos válidos, obtendo 69,50% na votação, mostrando que sua corrente CNB (Construindo um Novo Brasil) continua comandando o processo eleitoral interno do partido. Rui que teve apoio, quase majoritário do partido, se esforça para trazer de volta o orgulho de milhares de filiados em ser petistas de coração. É preciso recuperar o tempo, e o fôlego “perdido”, embora compreendendo um novo momento.

Esperamos que as correntes com seus integrantes que obtiveram votos, agora ocupando cadeiras na executiva nacional do partido, desarmem seus palanques e imprimam novo sentido as suas bandeiras de lutas. Que estejam sempre hasteadas em favor da reeleição da Presidenta Dilma, mas fazendo o urgente exercício de pensar e fazer diferente muitas das conduções políticas, possibilitando o ressurgimento do PT ao lado do Presidente Nacional eleito no último PED – Rui Falcão.

NAS ESFERAS ESTADUAIS
Bem, a coisa foi mais complicada do que se imaginava. Muitos não queriam que chegassem ao que apontou as urnas, outros sonharam com novos tempos e muitos quebraram a cara literalmente, pensando que ainda são “donos de eleitores”; ”donos de redutos eleitorais”; ou mesmo “MEU FILIADO”. O processo se modificou quase que completamente.

As urnas mostraram esse ciclo que se desmantela dentro do partido dos trabalhadores e das trabalhadoras. As luzes foram se apagando e o breu ganhando formas de vida, em um movimento que embora tenha, ainda, donos e culpados, não se contenta mais com isso apenas.

Em diversos estados o PT, sai menor do que entrou. Em outros o PT se mostrou mais uma vez personalista com debates dos(as) candidatos(as) a presidente sem nenhum alinhamento político com o que rege a sua cartilha e seu estatuto interno. Onde estão os princípios partidários? Por onde anda a formação política desses novos filiados? Porque se constrói muralhas em terrenos frágeis que nas primeiras águas se destrói?

Os resultados finais foram reflexos desses e de outros tantos debates realizados. Alguns encontros desses levaram seus militantes (patrimônio do partido) a se atingiram verbalmente, as honras e as vidas foram expostas a população, servindo aos interesses medíocres de tantos(as). As disputas só fragilizaram ainda mais o processo político. O resultado disso vai ser visto nos embates no processo de eleição de 2014 em todo País.

Ai, vocês podem se perguntar: O PT não é o único partido Brasileiro a realizar eleições diretas para eleger seus novos integrantes no período de três anos? Certo! Uma verdade que se constrói externamente, mais que se destrói internamente. De que adianta eleições com donos por trás? De que adianta ter jogos de cartas marcadas? São coisas que me inquietam e se faz presente/urgente de reflexão.

AS ELEIÇÕES EM PERNAMBUCO As eleições foram marcadas por um verdadeiro campo de batalha, um processo que deixa os(as) filiados(as) e simpatizantes do PT cansados(as). Recentemente, o jornalista Gilberto Prazeres do blog da folha de Pernambuco fez uma reflexão sobre esse processo “É João que briga com João e ninguém sabe o real motivo. É gestor do partido sendo boicotado. É o próprio boicotado boicotando na sequência”. Uma reflexão que reluz um pouco desse cenário angustiante para quem não aceita mais esse jogo.
No processo de hábitos a votar tínhamos 26 mil petistas, mas nas urnas compareceram apenas 22.599 votos válidos, sendo 1.218 nulos e 1.940 em brancos.

Nesse conjunto, quase 4 mil filiados não compareceram as urnas, a militância está cansada e sem motivação. Os números finais da eleição mostraram a força do Advogado Bruno Ribeiro CNB- (Construindo um Novo Brasil) com uma boa votação no interior e no sertão do estado, 9.906 votos. Já a candidata Teresa Leitão (Coletivo PT Militância) 9.964 votos, uma Deputada Estadual que teve uma votação expressiva na capital e na região metropolitana, mas perdendo para Bruno em Olinda e Paulista.

O Candidato Edmilson Menezes (O Trabalho), obteve 305 votos. A diferença de votos entre Bruno e Tereza foi 58 votos, um aperto expressivo em se tratando do que proclamavam certas forças em algumas localidades. As chapas estaduais foram todas bem votadas, garantindo assim um equilíbrio na executiva estadual de cada corrente, com destaque para a chapa vitoriosa puxada por Bruno Ribeiro –

Compromisso com os Petistas e com os Pernambucanos, que obteve 33%.
Agora devido ao desgaste midiático e político das prisões envolvendo integrantes do PT na Ação Penal 470, o chamado Mensalão, o partido tenta fazer um acordo diplomático entre o grupo de Bruno Ribeiro e Teresa Leitão. A ideia seria a divisão do mandato estadual em duas partes, cada um ficaria à frente do PT por dois anos, ainda falta aprovação final desse acordo perante integrantes do PT estadual. Sinceramente, torço que isso aconteça, pois assim daríamos gestos e voltaríamos a pensar o partido com os olhos mais abertos, se fortalecendo entre todos e todas. Resta saber quem vai comandar os dois primeiros anos, pois em 2014 teremos eleições para Presidente, Senado, Deputados Estadual e Federal.

E em 2016 eleições para Vereadores e Prefeitos. É duro! Mas que prevaleça o bom senso e a coragem de acertar. Caso não aconteça o acordo, vamos para o segundo turno no próximo domingo 24 de novembro em todo estado de Pernambuco. Um modelo ultrapassado de quem não enxerga o amanhã e seus desafios. O que será do amanhã? Responda quem souber?

Agora é aguardar o “Domingo no Parque” chegar e esperar o resultado final.
Unidos vamos fazer um partido autêntico do cais ao sertão, transformando o PT, em uma sigla de debate atuante nas discussões e nas conquistas da sociedade pernambucana.

O PT DE CARUARU
Em um processo histórico de unidade, o PT de Caruaru, através dos seus dirigentes, militantes e filiados, vem mostrando ao estado, e porque não dizer ao Brasil, um novo jeito de se fazer eleição interna, pois para nós unidade não é uniformidade. Os grupos que compõem o PT em Caruaru: Semeando Estrelas, MAIS, CNB, Mensagem ao Partido, Articulação de Esquerda, Esquerda Maxista e Movimento Rural, partem de debates e encaminhamentos que seguem outras direções, sem perder a identidade partidária.

Um gesto de unidade na construção coletiva da candidatura do companheiro Adilson Lira da DS(Democracia Socialista) que obteve 309 VOTOS e a chapa municipal “Por uma Nova Cultura Política para o Partido” 303 votos validos, nos dizem isso. A força tarefa foi possível graças a um contexto de debates internos na propositura de avançar em fazer política de base, com formação para o fortalecimento do PT em Caruaru. Todos os grupos apoiaram a sua eleição, fortalecendo as bandeiras em busca de um novo horizonte.

O RESULTADO DA ELEIÇÃO DE ADILSON LIRA
Agora o PT de Caruaru não tem mais donos, o partido é feito por todos(as). Redutos e porteiras fechadas seguem se desmontando em nossa cidade. Quem quiser brigar, brigue no campo das idéias, mas tem que realizar outras atitudes políticas e sociais. O PT de Caruaru não é mais o pastoril de dois cordões. Os(as) balançadores(as) de cabeças agora vão se dirigir em outras instâncias. Viva a unidade que não é uniformidade.

Adilson Lira não vai governar sozinho, todos os grupos que o apoiaram, assumiram o compromisso de participação ativa nas decisões do partido, Adilson Lira vai ser o representante de todos (as) petistas. Aquela história de donos do PT em Caruaru, deixa pra quem ainda estão com a cabeça em outras situações, outros interesses, que graças a sua militância que compareceu as urnas, acordou e quebrou as algemas do autoritarismo e do fascismo de muitos(as).

*Hérlon Cavalcanti é Militante do PT de Caruaru