Opinião: Arnaldo Dantas faz uma análise sobre a pesquisa do Instituto Exatta

Mário Flávio - 04.02.2012 às 09:00h

Existem situações, fatos e fenômenos que parecem só ocorrer em Caruaru, dentre eles está a divulgação da última pesquisa do instituto Exatta. Todos os grupos políticos comemoraram, os pré-candidatos ficaram satisfeitos, assessores e cabos eleitorais entraram em delírio. Foi uma pesquisa que agradou A gregos e troianos e possibilita interpretações hilárias e extravagantes, de parte da nossa mídia provinciana.

Deixando um pouco a euforia vamos nos  deter aos fatos:

1 –  A pesquisa merece credibilidade por ser a primeira a ser registrada  no  TRE, isso a torna legal (existem outras extraoficiais, artificiais e até mentirosas, que circulam cotidianamente pela cidade).

2 – Talvez por uma questão de tempo e de recursos, o critério de abrangência e proporcionalidade  mexeu em  seu rigor científico, mesmo  assim, a sondagem foi positiva;

3 – Com uma margem de erros de cinco pontos percentuais  para mais ou para menos, coloca todos no páreo, tanto os tradicionais, como os emergentes;

4 – A pesquisa mostra que ao contrário dos aloprados, as eleições em Caruaru são duras, acirradas e apaixonadas, salvas  poucas exceções;

5 – Mais uma vez o eleitorado de Caruaru  possui sentimento de grupo ou de torcida, pois coloca os indivíduos acima de programas e propostas (as questões municipais ficam em segundo plano);

6 – A pesquisa mostra diversos cenários e possibilidades (uns reais e  outros improváveis), mas o que chama atenção foi o empate técnico entre os principais grupos tradicionais (os que se intitulam vermelhos e os que se intitulam amarelos), respectivamente  35% a 31%;

7 – Os índices de rejeição seguem em uma ordem inversa 22% (amarelos) e  34% (vermelhos);

8 – Dos eleitores, 14% não votam em nenhum dos dois grupos tradicionais e aproximadamente 10% não sabem em quem votar;

9 –  Segundo a pesquisa, 35% da população disse que a atual administração é ótima e boa, enquanto  38% diz ser ruim e péssima, 26% acham regular;

10 – Há uma grande discrepância quando se compara a  avaliação da administração municipal com a estadual e a federal. A população de Caruaru avaliou o governo de Dilma com 63% de  bom e ótimo;  9% de ruim e péssimo;  28% de regular. Eduardo Campos  teve 69% de ótimo e bom;  6% de ruim e péssimo;  23% de regular;

11 – A margem de erros permite que os demais candidatos também comemorem os resultados,  pois mesmo competindo em uma situação adversa, podem dar início a suas campanhas  com 6% a 8% de aprovação.

 

CONCLUSÃO:

1 – Repetindo o antigo e comum clichê, que pesquisa eleitoral é um retrato de um momento ou de uma realidade instantânea,  podemos concluir que os amarelos tiveram um melhor desempenho que os vermelhos;

2 – O atual prefeito possui uma vantagem descomunal sobre sua principal oponente, vejamos:

A  – O atual prefeito comanda a quarta maior cidade do estado e a primeira do interior com um orçamento previsto em mais 800 milhões de reais para este ano;

B – De cada três prefeitos que disputam a reeleição, dois são eleitos em termos de probabilidade, ele tem uma vantagem de 75% sobre seus rivais;

C – O atual prefeito deve ir para reeleição com uma coligação entre 14 e 18 partidos, além de uma  sólida base política, terá um tempo de rádio  e televisão bem maior que a soma dos seus  adversários.

E – O palanque da frente popular terá apoio das principais lideranças nacionais e estaduais de peso, como: Lula, Dilma, Eduardo Campos, Armando Monteiro, Humberto Costa, Inocêncio  Oliveira  etc…

F – O núcleo duro do poder da frente popular tem buscado de forma frenética e com sucesso  atrair as principais estrelas e lideranças da oposição, atribuído novos temperos, sabores, aromas  e consistência  ao caldo da frente;

3 – No Caso da pré-candidata das oposições a situação  se mostra bem diferente neste contexto:

A  – Ela é oposição à administração municipal, estadual e federal;

B – Os partidos que formaram em outra época a União por Pernambuco se encontram  desprovidos de lideranças e referência no Estado e no País;

C – O seu grupo político saiu fragilizado das últimas eleições,  tanto para prefeitura, como para Assembleia Legislativa, perdendo  vários quadros;

D –  Sua primeira missão deve  ser a de estruturar seu partido e ampliar as coligações;

E – Deve evitar sobre quaisquer circunstâncias a perda do PMDB e do PSDB, o que reduziria drasticamente sua base de sustentação política e tornaria seu tempo no horário eleitoral quase insignificante;

F – Ter competência para legitimar o governo de Tony Gel,  desqualificar o de seu principal oponente e as suas realizações e ainda mostrar que é capaz e porque, para administrar a cidade.

Este é o cenário que podemos de forma modesta contemplar. O mesmo vai passar por várias  transformações ao longo deste ano eleitoral, todos os candidatos têm acesso regular a pesquisas qualitativas e sabem, mesmo que não confessem, sua real posição na largada e seu potencial de chegada, a não ser os ingênuos ou lunáticos. Neste xadrez, cabe à Miriam  Lacerda, reverter o quadro adverso apresentado, ter uma coligação competitiva e um discurso que desconstrua de forma competente o modelo vigente de administração. No caso do Prefeito  José Queiroz, cabe  fazer  com que  toda a estrutura política, que está a sua disposição funcione e seja percebida pela população. Ele deve resolver  as tensões latentes e não resolvidas no interior da frente, e principalmente destacar quais princípios políticos  e éticos, diferenciam a frente popular dos demais candidatos.

Os ostros pré-candidatos como: Diogo, Rivaldo, Marcelo e provavelmente Lícius devem formar um grupo consistente, que tenha uma plataforma de governo clara e objetiva,  mostrando  que é possível governar Caruaru de forma diferenciada. Eles devem ainda mostrar à população que o cardápio gastronômico da política não pode se limitar histórica e eternamente apenas à  carne de sol e charque.

ARNALDO DANTAS

É analista político