O deboche do diretor financeiro da prefeitura do Recife sobre a compra errada dos respiradores

Mário Flávio - 24.07.2020 às 07:09h

Do Blog da Noelia Brito

Na representação da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiro da Polícia Federal, em que foi pedida autorização para buscas e apreensões na residência e do gabinete do Secretário de Governo e braço direito do Prefeito Geraldo Julio, o advogado João Guilherme Ferraz, é possível observar que o auxiliar direto do prefeito esteve à frente das negociações para a compra de 500 respiradores a uma empresa “laranja” que só haviam sido testados em porcos e que, após as operações da PF, constatou-se que, de fato, eram imprestáveis para uso em seres humanos, a ponto de terem sua venda proibida pela Justiça.

Apesar dos fortes indícios apontados pela Polícia Federal em sua representação, a justiça federal entendeu por bem indeferir as buscas nos endereços de João Guilherme, a quem a PF atribui participação em “um núcleo político/decisório, composto pelo Secretário de Saúde JAILSON DE BARROS CORREIA, que referendou atos administrativos ilícitos a cargo de seus subordinados acima mencionados, sendo responsável pelas decisões mais importantes tomadas no âmbito da SESAU, algumas delas tomadas com conhecimento de irregularidades ocorridas, a exemplo da contratação irregular da supra nominada empresa para fornecimento de respiradores para o órgão. 

Neste último núcleo, pode-se incluir o investigado JOÃO GUILHERME FERRAZ, Secretário de Governo da Prefeitura de Recife, havendo evidências nestes autos de que o mesmo participou ativamente com opiniões e auxílio em momentos cruciais envolvendo o contrato da SESAU com a BIOEX, tendo igualmente conhecimento das ilegalidades em torno desses pactos.”

Mas as conversas interceptadas pela Polícia Federal nos celulares do Secretário de Saúde Jailson Pereira e do diretor financeiro da Secretaria, ora afastado do cargo por decisão da justiça, Felipe Bittencourt, mostram, também, a desenvoltura de João Guilherme nas tratativas para a contratação da empresa de fachada “Juvanete” a ponto de ser ele a enviar para o secretário de Saúde um relatório sobre os testes dos respiradores de porcos, acompanhado de uma gargalhada virtual: “Leia c bons olhos kkkkkkk”, diz João Guilherme a Jailson, em tom de galhofa, ao sugerir a compra dos equipamentos sabidamente imprestáveis para uso humano.


Mais adiante, João Guilherme, que não é médico nem exerce nenhum cargo na Secretaria de Saúde, já que é advogado e secretário de Governo, que é um cargo eminentemente político, manda uma resolução da ANVISA a Jailson Pereira e acrescenta: “nosso povo aprovando podemos usar”. É de se questionar quem seria esse “nosso povo” a quem João Guilherme atribui o poder de aprovar a compra dos respiradores de porcos que, afinal foram adquiridos e somente devolvidos após o caso se transformar em um escândalo de dimensões nacionais: