A véspera do feriado foi de mais um desdobramento da Operação Ponto Final. O Ministério Público abriu Inquérito Civil para apurar denúncias dos dez vereadores indiciados pela polícia civil. O alvo da maioria das denúncias tem como foco o secretário de Relações Institucionais da prefeitura de Caruaru, Marco Casé e o presidente da Comissão de Ética da Câmara e líder do governo, Ricardo Liberato (PSC). Os dois governistas foram citados pelos parlamentares que apontaram uma série de denúncias, entre elas, tentativa de suborno, favorecimento pessoal e uma possível armação para incriminar o grupo. Após as prisões o vereador Jajá (sem partido) concedeu entrevistas e soltou o verbo contra Casé e Liberato. Ele disse que foi oferecida a quantia de R$ 50 mil para votar contra a criação da CPI da CGU, para investigar possíveis irregularidades no uso do Fundeb pelo executivo.
O mesmo Jajá citou um encontro na casa dele, no qual Liberato teria oferecido dinheiro para ele vir para a base do governo. Contra o presidente da comissão de ética também pesa uma acusação do vereador Evandro Silva (PMDB). Nos depoimentos ao MPPE, ele destacou uma casa alugada a prefeitura que é de uma sobrinha de Liberato, com um aluguel de R$ 6 mil mensais sendo pagos, sem sequer o imóvel ter sido usado. Nos depoimentos, Evandro disse ainda que o aluguel de três meses foi pago sem nem a secretaria de Participação Social existir. A Pasta foi criada numa sessão antes do dia 18 de dezembro de 2013, data na qual os vereadores foram presos, quando o prefeito José Queiroz (PDT), enviou a reforma administrativa para a Câmara. No imóvel funciona atualmente a Casa da Participação Social.
Os vereadores ainda denunciaram que Ricardo Liberato é funcionário fantasma da Assembleia Legislativa e não cumpre expediente na Casa de Joaquim Nabuco, já que diariamente atua na Câmara. Diante das denúncias, o Ministério Público decidiu abrir um processo de investigação. “A gente tem um novo inquérito civil instalado com a conclusão das operações ponto final 1 e 2 e estamos investigando também as denúncias que foram feitas pelos vereadores e estamos apurando, isso faz parte do trâmite do processo, iniciado em janeiro de 2014. Como ouvimos todos os vereadores indiciados e várias denúncias foram feitas, vamos apurar tudo isso”, disse a promotora do Patrimônio Público, Bianca Stella de Azevedo.
Ela disse ainda que o MPPE pode adotar várias medidas, entre elas, a abertura do processo de Improbidade Administrativa, caso as denúncias sejam comprovadas. “A partir do momento que a gente constatar que houve alguma ilegalidade ou não, podemos pedir o arquivamento do processo, ajuizar uma ação de improbidade ou fazer algumas recomendações. Enquanto houver denúncias vamos seguir apurando”, explicou.
O vereador Jajá (sem partido) também foi ouvido pelo MPPE. Ele ratificou as acusações e voltou a bater pesado nos governistas. Foi a primeira vez que ele e o secretário Marco Casé estiveram frente a frente, após a operação desencadeada pela Polícia Civil em dezembro de 2013. Os dois não se falaram. Casé é peça chave na investigação, foi na sala dele, que as escutas da Polícia Civil foram montadas e parte das gravações serviram como prova contra os parlamentares. Casé não quis falar com a imprensa.