Mordomias a ex-presidentes do Brasil já custaram R$ 36 milhões aos cofres públicos

Mário Flávio - 08.03.2018 às 18:08h

As despesas com seguranças, assessores, diárias, passagens, carros oficiais e cartões corporativos de ex-presidentes da República já somam R$ 36 milhões, em valores atualizados pela inflação, desde 1999. O maior gasto em um ano foi feito por Dilma Rousseff (PT) em 2017 – R$ 1,4 milhão. Fernando Collor, atual senador pelo PTC, acumulou o valor que recebeu como ex-presidente durante 11 anos – R$ 8,3 milhões – com os benefícios e mordomias do Senado Federal, que incluem cerca de 80 assessores. Nesse período, ele usou R$ 3,1 milhões da cota para exercício do mandato, o “cotão”.

Os maiores gastos de Dilma foram com diárias e passagens para assessores, um total de R$ 850 mil no ano passado. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um gasto médio de R$ 1 milhão por ano, como mostrou reportagem publicada no último dia 5 por este blog. Foram R$ 7 milhões destinados ao petista desde 2011. O ano de maior gastança de Lula foi 2014, com R$ 1,24 milhão, sendo R$ 750 mil com passagens e diárias. Essas despesas já somam R$ 4 milhões desde que ele deixou a Presidência.

No dia 23 de janeiro, véspera do julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula chegou ao comício em Porto Alegre numa comitiva de quatro carros de luxo e vários seguranças (foto abaixo). A assessoria do ex-presidente afirmou à reportagem que as despesas com os carros foram pagas pelo Partido dos Trabalhadores. E acrescentou que o Lula “costuma estar acompanhado em atos públicos dos seguranças que a lei define que devem acompanhar ex-presidentes da República”.

Segundo a Presidência da República, não há na legislação nada que impeça que Lula mantenha as mordomias de ex-presidente mesmo que seja preso após a condenação em segunda instância na Lava Jato. A reportagem perguntou à assessoria do ex-presidente se ele pretende manter ou renunciar aos benefícios mantidos pela Presidência. A resposta foi evasiva: “o ex-presidente não fez nenhuma manifestação sobre essa lei quando era presidente ou depois”.

Lúcio Vaz/Gazeta do Povo