Uma investigação do Estado de S. Paulo revelou que a Mídia Ninja, rede de comunicação ligada à esquerda, tem utilizado organizações não governamentais para captar recursos do governo federal, apesar de afirmar publicamente não receber verba pública.
Segundo a reportagem, duas entidades associadas ao grupo, cujos representantes atuam no Ministério da Cultura, obtiveram R$ 4 milhões em repasses por meio de convênios, emendas parlamentares e leis de incentivo durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Liderada pelo ativista Pablo Capilé, a Mídia Ninja apoiou a candidatura de Lula em 2022 e fez campanha ativa contra o então presidente Jair Bolsonaro. Em seu site, o grupo critica veículos de mídia tradicionais e nega qualquer financiamento público. No entanto, o Estadão aponta que seus cofundadores dirigem ONGs que recebem dinheiro do governo.
A principal beneficiada é a Associação Coletivo Cultural, que obteve R$ 3,4 milhões, incluindo R$ 296 mil de um convênio com a Funarte, ligada ao Ministério da Cultura. Dois fundadores da Mídia Ninja, Talles Pereira Lopes e Karla Kristina Oliveira Martins, fizeram parte do colegiado da Funarte no período em que a ONG foi contemplada.
Documentos apresentados ao governo indicam que a Associação Coletivo Cultural foi criada para dar suporte jurídico e institucional aos projetos da Mídia Ninja e da rede Fora do Eixo. Procuradas pelo Estadão, as ONGs disseram não falar pela Mídia Ninja, que não se manifestou. O Ministério da Cultura afirmou que a seleção dos beneficiados seguiu critérios técnicos estabelecidos em portarias.
