Esqueçam os discursos desgostosos de alguns vereadores da base do governo na Câmara Municipal de Caruaru há alguns dias. No final das contas, eles até ameaçaram não aprovar a pequena reforma administrativa da prefeitura municipal, mas passaram, na noite dessa terça (10), a criação de 4 secretarias, extinção de 700 cargos comissionados e, além desse projeto, foram aprovados mais nove proposituras do Executivo Municipal, incluindo o financiamento do BNDES para o PMAT. Na verdade, durante a reunião, que se estendeu até meia noite, devido a prorrogações de tempo, houve ainda muita discussão e insatisfação, mas que partiram principalmente dos vereadores de oposição.
O foco de críticas voltou-se mais uma vez para a criação da Secretaria de Participação Social, comandada pela petista Louise Caroline. “Acho desnecessária essa secretaria, é cabide de emprego, 37 empregos, pra ser mais exato. Aliás, uma pasta que passou um ano sem fazer nada, desde o início dessa gestão”, discursou o vereador Evandro Silva (PMDB), autor de proposta de emenda que suprimiria a criação da secretaria.
Esse projeto e a emenda foram votados separadamente, em caráter de maioria de dois terços na Câmara, que tem 23 vereadores. Mas não houve muita dificuldade na aprovação, já que vereadores governistas que antes expunham algum antagonismo com a forma como a secretaria era proposta – como Gilberto de Dora (PSB) e Jadiel Nascimento – reformularam o discurso e garantiram não ter nada contra o projeto. “Eu estive avaliando todos os pontos referentes ao projeto e criação das secretarias e creio que as secretarias são necessárias para o município”, justificou Jadiel. durante o voto.
Gilberto, por sua vez, procurou amenizar e disse que a pasta era mais importante. “Durante o processo de realização de plenárias do Orçamento Participativo, eu tive algumas insatisfações, mas gostaria de dizer que a secretaria de Participação Social é superior a qualquer pessoa, impedir sua criação seria reprimir a população de ter voz”, destacou. O líder do governo na Casa, Ricardo Liberato (PSC), também não poupou elogios à aprovação da reforma e dos demais documentos. “Reconhecemos a importância de todos os projetos enviados e por isso fomos favoráveis. Nada mais salutar que creditemos confiança a esses projetos e acredito que não devemos de maneira nenhuma mutilar essa secretaria”, reforçou.
Mesmo assim, o oposicionista Neto (PMN), que votou favorável pelo financiamento do BNDES, questionou se a prefeitura não estaria indo na contramão do governo de Pernambuco ao criar novas pastas, já que houve um enxugamento no número de pastas estaduais. No entanto, a prefeitura prevê que a reforma possibilite economia de até meio milhão de reais, devido a extinção dos cargos comissionados. Mas, apesar do foco dado à Participação Social, houve quem também desse uma cutucada em outra nova pasta aprovada, a de Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, que foi na verdade uma renomeação da Secretaria de Desenvolvimento Rural, com o objetivo de facilitar a celebração de convênios com o governo federal.
“Louise começou a fazer o projeto de Participação Social de forma maravilhosa, depois ela tentou dar continuidade às essas ações sem a participação dos vereadores, mas nós reclamamos e chegamos a um entendimento. Mas, se fosse pra fazer nomeação para o secretário de Agricultura, eu não votaria, pois esse não tem nos atendido”, alfinetou o presidente da Casa, vereador Leonardo Chaves (PSD).
Em resumo: a “locomotiva” – governo municipal passou por cima do “fusca” – oposição -, parafraseando a metáfora que Evandro Silva vinha usando para destacar a força da oposição sobre a votação dos projetos na Casa. Isso indica, aliás, que o jogo virou nos últimos dias e o prefeito Zé Queiroz parece ter desbancado as pressões de parte dos edis de situação. Entre os outros projetos do Executivo votados, estavam o Reluz, a ampliação urbana, e o Programa de Modernização da Administração Tributária (PMAT) e da Gestão dos Setores Sociais Básicos.