Reportagem publicada no Jornal Vanguarda
Uma semana depois de sua morte, VANGUARDA publicou uma edição especial entre os dias 20 e 26 de fevereiro de 1999, trazendo um caderno com oito páginas, das quais duas dedicadas a depoimentos feitos ao longo da sua vida pelo próprio político. A edição foi intitulada “João Lyra Filho, por ele mesmo”. Uma das frases que mais chamaram a atenção foi um trecho de uma entrevista, alguns meses antes. “Julgo ter cumprido fielmente as minhas tarefas, sempre em sintonia com os mais humildes”, disse o ex-prefeito. “Ele era assim mesmo. Às vezes ia à Feira de Caruaru comer sarapatel e cumprimentar os feirantes. Estava na alma dele gostar dos mais humildes, por isso suas gestões foram marcadas por obras que beneficiavam os mais pobres”, reforçou Leonardo Chaves.
Um dos grandes orgulhos de João Lyra Filho foi ter construído o Colégio Municipal Álvaro Lins. “Quebrei muitos tabus. Um colégio municipal num terreno amplo, de cinco hectares. Não tive complexo com os moços que estavam no caminho do saber, pois milhares se educam sem ônus para suas famílias. No setor de educação, cheguei a construir dezenas de grupos escolares”, afirmou João Lyra Filho, em uma de suas últimas entrevistas. Ele também foi responsável por tocar os projetos das barragens de Taquara e Tabocas, ambas com apoio do então governador Cid Sampaio.
Para João Lyra Filho, a execução do Plano Diretor quando foi prefeito de Caruaru era um marco na política. Esta foi uma de suas principais providências quando assumiu a prefeitura pela primeira vez e, quando retornou, em 1972, mandou fazer um novo estudo. Segundo o político, o planejamento era fundamental para que o crescimento da cidade fosse ordenado.
Ele também falou da preferência do eleitorado caruaruense em apoiar os Lyra uma eleição após outra. “Essa preferência do povo, com relação aos Lyra, me deixa plenamente realizado. Julgo ter cumprido fielmente as minhas tarefas, sobretudo como político em horas amargas para a democracia e às liberdades públicas, mas sempre em sintonia com a vontade dos mais humildes”, dizia João Lyra Filho.