O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu segunda-feira (4) a um pedido da Procuradoria-Geral da República e autorizou a abertura de inquérito contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) para apurar denúncias de suposta rachadinha em seu gabinete na Câmara. O ministro deu um prazo de 60 dias para a realização das investigações.
Em áudios divulgados pelo portal Metrópoles e que embasam o pedido da PGR, Janones teria pedido para que os funcionários fizessem doações mensais de seus salários para compensar gastos de campanha.
“Nesse contexto, a suspeita de prática criminosa envolvendo detentor de prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal demanda esclarecimentos quanto à eventual tipicidade, materialidade e autoria dos fatos imputados”, escreveu o ministro.
Fux também observou que a abertura do inquérito, por si só, é um “ato meramente formal”, não significando uma condenação prévia do parlamentar.
Por determinação de Fux, a Polícia Federal vai marcar o depoimento de André Janones e de seus assessores e ex-assessores, como o ex-secretário parlamentar Cefas Luiz Paulino, para que “apresentem todos os elementos de que disponham acerca dos fatos”, como solicitou a PGR.
O ministro do Supremo também acolheu outros pedidos feitos pela PGR, como determinar que a Câmara dos Deputados envie ao tribunal a relação de todos os servidores que já atuaram ou ainda trabalham no gabinete de Janones; os registros e credenciais de acesso de cada um deles às dependências da Câmara, com os respectivos horários de entrada e saída do trabalho; os históricos profissionais completos desses servidores, com seus atos de nomeação, exoneração, declarações de parentesco e até as fichas financeiras com as suas remunerações; e os registros e controle de frequência dos horários de trabalho dos funcionários do gabinete.
O deputado nega irregularidades e, pelas redes sociais, afirmou que o pedido revelado no áudio foi feito ainda antes de se eleger, em 2018, para pessoas que ainda não trabalhavam em sua equipe.
Em sua conta pessoal no X (ex-Twitter), Janones disse defender a abertura da investigação e afirmou que “restará comprovado cabalmente que nunca houve qualquer crime” cometido em seu gabinete.
“O ministro Fux acaba de autorizar a abertura do inquérito para que toda essa trama bolsonarista criada para me sepultar politicamente seja apurada e esclarecida”, escreveu. “Fico feliz com a celeridade com que tudo tem sido tratado e muito certo de que a verdade sempre prevalecerá!”
