Reportagem de Jamildo Melo

Um dia após o prefeito João Campos (PSB) ter realizado cerimônia no canteiro de obras do Hospital da Criança do Recife, em Areias, para receber o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, num evento que chamou atenção da oposição pelo teor dos discursos, o Blog de Jamildo recebeu de fontes da bancada documentação apontando que o contrato de financiamento da Caixa Econômica Federal para a realização da obra, que prevê um repasse de R$ 57,5 milhões, ainda está em análise pelo banco público e que até o momento nenhum real foi liberado da parte do governo federal.
De acordo com o sistema de acompanhamento de operações da Caixa, o Siurb, o contrato de repasse 01090327-85 encontra-se em estágio de “cláusula suspensiva – falta documentação de projeto e/ou de titularidade e/ou de licença ambiental”. De acordo com documento da Gerência Executiva de Governo (Gigov), de 31 de janeiro deste ano, ainda havia uma série de documentações pendentes. Depois disso, o sistema não apresentou atualizações, segundo a fonte oposicionista.
“O prefeito inaugurou ontem um novo tipo de evento, que não é o lançamento da pedra fundamental, não é a inauguração. É colocar um palanque para fazer discursos eleitoreiros com um ministro numa obra que ainda não recebeu um real do governo federal. É uma forma inédita de fazer propaganda antecipada”, afirmou uma fonte oposicionista.
Na próxima semana os vereadores devem se movimentar sobre o assunto.
No evento, o prefeito anunciou que a obra seria inaugurada até dezembro, já antecipando que durante o processo eleitoral o novo equipamento, anunciado na campanha eleitoral de 2020, não estará inaugurado. Nas gestões anteriores do PSB no Recife, a inauguração de hospitais sempre foi mote de ano eleitoral: em 2016, o ex-prefeito Geraldo Julio inaugurou o Hospital da Mulher do Recife, e em 2020 inaugurou o Hospital do Idoso.
De acordo com o acompanhamento da execução orçamentária do contrato de construção do Hospital da Criança do Recife, que tem a Construtora Celi como responsável pela intervenção, o Gabinete de Projetos Especiais da gestão João Campos executou 13% da obra: foram pagos R$ 13,1 milhões de um contrato total de R$ 101 milhões.
Firmado em três de janeiro deste ano, o contrato prevê que a execução ocorrerá em doze meses. O valor não inclui a equipagem do Hospital, que deve custar mais R$ 30 milhões. Também no Portal da Transparência do governo federal, o contrato de repasse aparece através do convênio 949062. O órgão responsável é o Ministério da Saúde e o recurso será repassado ao Fundo Municipal de Saúde da cidade.