Equipe técnica do TCE aponta sobrepreço de 338% e quantitativo superdimensionado em compras de filtros de ventilação pela Prefeitura do Recife

Mário Flávio - 06.08.2020 às 16:17h

A equipe de auditoria do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) identificou mais duas dispensas de licitação da Secretaria de Saúde do Recife com supostas irregularidades que apontam para prejuízo ao erário municipal.

Em despacho que solicitou ao conselheiro Carlos Neves a expedição de medida cautelar para evitar que novas compras nesse sentido fossem realizadas, o corpo técnico responsável pela análise apontou supostas falhas como ausência de prévia pesquisa de preços, superfaturamento na aquisição do material e superdimensionamento dos quantitativos contratados pela Prefeitura.

No último dia 15 de julho, a deputada estadual Priscila Krause (DEM) notificou os órgãos de controle estaduais e federais a respeito dessas mesmas irregularidades praticadas nas respectivas contratações – Dispensas de Licitação 78/2020 e 83/2020.

Apesar de o relator das contas ter indeferido o pedido de cautelar solicitado pela equipe técnica do Tribunal, informação publicada no portal de notícias do TCE-PE registra que foi enviado alerta ao secretário de Saúde, Jailson Correia, no sentido de evitar a realização de novos empenhos, liquidação ou pagamento referentes às contratações em questão.

Ainda de acordo com o próprio TCE, a Secretaria de Saúde do Recife assumiu que havia realizado estimativa superestimada de itens e se “comprometeu a não emitir novos empenhos”.

Os números contratados pela gestão municipal, que totalizam 75 mil filtros higroscópicos para ventilação mecânica, são sete vezes maiores que o quantitativo adquirido pelo governo de Pernambuco no mesmo período (10.790 unidade), conforme registrado na representação da parlamentar.

Ainda de acordo com Priscila, os hospitais municipais com leitos de UTI são todos geridos por Organizações Sociais, que compraram diretamente unidades desses mesmos filtros, a preços mais baixos. Exemplo é o próprio Hospital da Mulher do Recife (Sociedade Pernambucana de Combate ao Câncer), que adquiriu entre março e julho 10 mil unidades, e o Hospital Provisório dos Coelhos (Imip – Fundação Martiniano Fernandes), que adquiriu 675.

Do ponto de vista dos preços praticados, as dispensas de licitação – realizadas com diferença de apenas dois dias – apresentam divergência, apesar de a empresa fornecedora ser a mesma (Nordeste Medical, Representação, Importação e Exportação de Produtos Hospitalares LTDA.).

Enquanto em 25 de março as 9.600 unidades foram vendidas por R$ 12,50, dois dias depois foram contratadas mais 65.400 unidades ao preço de R$ 33,50.