O vice-governador João Lyra (PDT) falou pela primeira vez após o resultado da eleição de 2012. Ele fez uma análise da ampla vitória do prefeito Zé Queiroz e como vai se portar ao novo governo do pedetista. Também comentou a possibilidade de criar um novo grupo na política local e se vai deixar o PDT. O vice analisou ainda a possível ida de Tony Gel para a base de apoio de Eduardo Campos.
Qual a avaliação que o senhor da ampla vitória de Zé Queiroz em Caruaru?
Você sabe da minha posição de não participar da campanha, mas acompanhei passo a passo todas as ações de uma campanha que começou muito dura, mas que no decorrer teve o resultado com uma ampla vitória do prefeito José Queiroz com quase 30 mil votos de frente, um resultado quase inesperado no início da campanha. Com o decorrer da campanha, a população entendeu que o atual governo era o melhor para Caruaru e isso significa que o prefeito assumiu alguns compromissos com a população. Anunciei em junho junto com Raquel que votaria no prefeito Zé Queiroz e agora vamos esperar que ele cumpra todos os compromissos assumidos, seja por meio de reuniões, comícios ou guias eleitorais. Estou acompanhando pela imprensa que o prefeito vai fazer uma ampla reestruturação, se vai ser ampla ou pequena, não cabe a mim analisar, o que cabe fazer análise é que ele cumpra os compromissos de campanha, nessa situação eu serei um fiel parceiro do povo de Caruaru nas cobranças daqueles compromissos assumidos durante a campanha.
O senhor vai ser parceiro apenas na cobrança ou na execução também? Como fica a questão do diálogo nesse novo governo?
O povo de Caruaru pode ter certeza de uma coisa, independente do meu afastamento do governo municipal, por uma decisão do prefeito José Queiroz, participei ativamente de todas as ações do governo de Pernambuco em Caruaru. Agora, nesse novo momento quero dizer que não vou indicar cargos, não fiz isso em 2008 e nem vou fazer agora, mesmo que seja consultado. Espero que ele (Zé Queiroz) monte a melhor equipe e juntamente com sua assessoria possa cumprir aos compromissos assumidos e dê a resposta ao povo de Caruaru. Enquanto representante do governo do Estado, tanto eu como Eduardo estamos de braços abertos para continuar investindo em Caruaru. Esse é o governo que mais trouxe investimentos para a cidade, principalmente na saúde e geração de empregos e qualificação de mão de obra. Se eu for consultado para uma conversa, farei sem problemas e darei a minha contribuição sem nenhum problema, para dizer como se faz uma gestão eficiente. Caruaru precisa modernizar essa estrutura de governabilidade, como nós fizemos no governo de Pernambuco, assim como fizeram Minas Gerais e os estados do Sul do Brasil. Pernambuco e Ceará são os Estados no Nordeste que mais avançaram e não é a toa que Eduardo é o melhor governador do Brasil, mas não apenas pela visibilidade que ganhou, mas principalmente pela forma de gestão que adotou, um modelo eficiente e eficaz.
Muito se comenta na cidade que o senhor prepara um novo grupo na cidade, que será capitaneado pelo senhor e por Raquel Lyra. O que de fato existe na realidade?
Nós seguimos na Frente Popular de Caruaru e em Pernambuco, o que admito que possa surgir é um novo movimento da política em Caruaru. O processo de renovação é eternamente constante e não se faz apenas com o resultado das eleições, é feito com a mobilização e participação efetiva da sociedade e Caruaru precisa e necessita de organização em diversas áreas e classes, veja o exemplo das associações de moradores, precisam se reorganizar, temos que ter uma diálogo permanente com esses 15 mil universitários, esse é um fato novo, que surgiu nos últimos dez anos. Algumas instituições são muito fortes e precisam ser ouvidas, como é o caso da ACIC e outras entidades, que precisam participar concretamente, não basta só dar opinião ou apoiar em época de eleição, mas formular políticas públicas, a exemplo do que Eduardo fez na campanha e no pós-campanha, ouvindo a todas as regiões. A sociedade de Caruaru, nesse movimento novo, precisa participar e com certeza eu e Raquel estamos inseridos nesse movimento, além de outros políticos. Tudo na vida tem um ciclo e na política também é assim.
O senhor pretende sair do PDT?
Essa discussão eu vou ter agora no fim do ano com o governador Eduardo Campos, mas até o fim de dezembro eu defino essa questão. Deixei passar a eleição, mas após o segundo turno vou conversar com ele. Eduardo hoje é um político de importância nacional, que vem sendo cogitado para assumir um papel de destaque junto a sociedade brasileira, preside um partido que mais cresceu nessa eleição e disputa eleições nas mais importantes cidades brasileiras e isso nós vamos discutir. Não é só uma questão desse ou aquele partido, mas uma política mais ampla, Pernambuco precisa passar por uma reestruturação partidária, temos partidos novos surgindo e outros desaparecendo, como é o caso do DEM, que já usa o quarto nome, isso mostra que é uma legenda que busca sustentabilidade e não encontra, então a tendência desse partido é encontrar muita dificuldade para sobreviver, mas alguns partidos surgem sem nenhuma expressão e sem compromisso algum. Esse quadro partidário brasileiro precisar ser reavaliado.
Qual a sua avaliação da possível ida de Tony Gel e Miriam Lacerda para um partido da base aliada de Eduardo Campos?
Tony Gel tem que analisar essa situação com o seu partido e com os correligionários, eu não posso emitir opinião de um político que não é do nosso conjunto, ele representa a oposição em Caruaru e em Pernambuco. Para onde ele vai, deve discutir com o seu grupo. Mas uma situação não pode ser esquecida, Tony Gel tem uma história de um político conservador, foi o sucessor de Drayton Nejaim, isso não se afasta. A mesma marca que Eduardo carrega por ser o sucessor de Miguel Arraes, uma marca política e ideológica importante, ele é sucessor de um político que teve a sua marca, importância e liderança, mas é da ala conversadora e hoje os conservadores passam por muita dificuldade no Brasil inteiro e estão desaparecendo. Veja o exemplo da votação de Rodrigo Maia no Rio de Janeiro, filho de um ex-governador e ex-prefeito e teve menos de 2% da votação, isso significa que o povo não quer retroagir. Outro exemplo é a votação do ex-governador Mendonça Filho, que no início da campanha tinha 20% das intenções de voto e teve menos de 20 mil votos, com menos de 3% do eleitorado. Então Tony Gel deve analisar o caminho a seguir, já que ele representa a nossa oposição em Caruaru e Pernambuco, se ele vai mudar de posição, cabe a ele explicar.