Esta semana VANGUARDA traz uma entrevista especial com o deputado federal Wolney Queiroz (PDT), filho do prefeito José Queiroz e considerado uma das principais cabeças da atual gestão municipal. Ele está em seu quarto mandato. Wolney falou ao semanário depois de uma entrevista da provável candidata da oposição, Miriam Lacerda, a este órgão de comunicação. O deputado federal comenta também sobre pesquisas para as eleições e alguns entraves na PMC.
A entrevista foi realizada pelo repórter Wagner Gil.
JORNAL VANGUARDA- Em 2011, seu nome apareceu na lista do Diap como um dos 150 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, presidiu a Comissão de Defesa do Consumidor, ainda foi vice-líder da bancada do PDT e, em junho, trouxe a presidenta Dilma Rousseff para Caruaru. Foi o seu melhor ano em Brasília?
Wolney Queiroz – Sem dúvida foi um ano excelente, hoje desfruto de um bom espaço no Congresso e tenho trânsito com as principais lideranças da Casa, mas acredito que 2012 será um ano ainda melhor, se Deus quiser.
JV – Caruaru nunca recebeu tanta atenção e tantos investimentos dos governos Federal e Estadual. Isso terá importância na disputa deste ano?
W Q – Acredito que terá importância decisiva. Caruaru tem recebido um volume muito grande de dinheiro federal e estadual para todas as áreas. Não podemos interromper esse momento tão rico. Pernambuco e o Brasil vivem um tempo de prosperidade, de crescimento sem precedentes na sua história. Afastar Caruaru desse alinhamento com Dilma e Eduardo não me parece inteligente.
JV – Como o senhor tem analisado a movimentação da oposição municipal em relação ao pleito deste ano. A pré-candidata Miriam Lacerda tem se soltado mais e este mês já concedeu três entrevistas: uma ao VANGUARDA e duas a emissoras de rádio (Cultura e Liberdade). Como o senhor avalia o discurso dela?
WQ – Não é hora de falar dos adversários e não me cabe opinar sobre a estratégia deles.
JV – Miriam tem feito muitas críticas e dito que o prefeito perdeu 35% de seu eleitorado em relação a 2008 (baseada na pesquisa da Folha). O senhor acredita que é possível construir uma vitória ainda maior do que a do último pleito municipal?
WQ – As duas últimas pesquisas mostram que a população aprova o governo José Queiroz. Na pesquisa da Folha foram 52% e na pesquisa do Cipec foram 61% de aprovação. Mas é cedo para falar de possíveis resultados nas eleições de outubro. O que realmente importa é que vamos seguir trabalhando e construindo um cenário cada vez mais favorável.
JV – O senhor acha que Miriam é uma adversária mais difícil do que Ivânia em 2008? Por quê?
WQ – Não estamos preocupados com isso. Se o adversário é difícil ou fácil, só vamos descobrir durante a campanha. A nossa disposição é de enfrentar qualquer que seja o concorrente com o mesmo vigor.
JV – Na sua opinião, será uma disputa de comparações entre governos?
WQ – Sim, a comparação é inevitável e é muito boa para nós.
JV – A oposição tem criticado muito a saúde e a educação municipal. Como o senhor avalia essas críticas?
WQ – Os adversários falam muito, mas tem pouco para mostrar. José Queiroz tem trabalhado duro e tem feito um trabalho apaixonado, buscando sempre o melhor para a cidade. O povo saberá julgar.
JV – Em relação ao palanque da Frente Popular. O senhor disse que pode ser maior que em 2008, ou seja, uma quantidade maior de partidos apoiando a reeleição de José Queiroz. Mas o PCdoB, o PV já se rebelaram e sonham em candidaturas próprias. O senhor acha que é possível trazê-los de volta para o palanque da Frente Popular?
WQ – Claro que é possível trazê-los. Em 2008 também foi assim: havia a pré-candidatura de Laura Gomes, outras legendas desejavam ter candidato e os dirigentes da Acic (Associação Comercial e Industrial de Caruaru) também ensaiaram o lançamento de um nome. Nossa expectativa é reunir um conjunto de partidos maior do que na eleição passada. Nós precisamos de tempo de TV para prestar contas.
Quanto ao PCdoB e ao PV, a sabedoria popular diz que “quando um não quer, dois não brigam”. Nunca houve uma palavra minha ou do prefeito José Queiroz contra qualquer companheiro. Não fazemos política fechando portas e vamos trabalhar para seguirmos unidos, se Deus quiser. Há problemas? Claro que há! Todo governo tem problemas. Mas os avanços são muito maiores, são grandes e muito profundos. Desejamos seguir com essas transformações, pois ainda há muito para ser feito.
JV – O senhor deseja atrair o PSDB para o palanque da Frente Popular?
WQ – Tenho uma relação de amizade antiga e sólida com o deputado Sérgio Guerra (presidente nacional do PSDB), mas separo bem as coisas. Sei que o PSDB de Caruaru tem um pré-candidato, que é Diogo Cantarelli, e respeito. Claro, que se houver qualquer sinal de entendimento, será uma grande honra tê-los conosco. Por sinal, o PDT integra o governo do PSDB em Jaboatão dos Guararapes e apóia a reeleição de Elias Gomes (PSDB). Em Caruaru, nos damos muito bem com todos eles: Cantarelli, Diogo, Raffiê etc. Não custa lembrar que fazemos parte da história do partido na cidade, pois o PSDB de Caruaru foi fundado com nossa ajuda, fez parte do 2º governo de José Queiroz e indicou o candidato a vice-prefeito da nossa chapa em 1996. Tudo com as bênçãos do saudoso amigo Carlos Wilson.
JV- Muitas pessoas criticam o fato de você passar muito tempo nas redes sociais, muitas vezes comentando assuntos que não são de interesse coletivo. Apesar de o seu perfil no twitter ser pessoal, não seria mais interessante discutir assuntos relativos ao seu mandato?
WQ- Engraçado, em toda parte os políticos são festejados quando aderem às redes sociais, pois ficam mais abertos e próximos da população. Aqui você me critica por isso! O Twitter não é uma “nota oficial”. Quem me segue quer saber os livros que tenho lido, minhas atividades e minha opinião sobre temas variados, mas relevantes, da atualidade. Nunca sento no computador para acessar as redes sociais. Faço isso do telefone no intervalo das atividades e das reuniões. Não uso o Twitter pra fofocar! Uso para me informar e informar. Aliás, modéstia à parte, em Caruaru, ninguém tem mais seguidores do que eu.
JV – A gestão do prefeito José Queiroz tem enfrentado várias greves nos últimos meses. No caso da Destra, por exemplo, os agentes citam que não há diálogo entre comandantes e comandados. Como você analisa essa insatisfação dos servidores?
WQ – Greve é a demonstração de vitalidade da sociedade. Na ditadura não havia greves, nem no governo anterior. O governo passado pagava muito menos do que o piso nacional aos professores e não houve greve. Hoje, nós pagamos o piso, mas os professores querem mais. É legítimo. O limite é a capacidade financeira da Prefeitura. Não houve greve da Destra no governo passado porque, nem sequer, existia a Destra. Vivemos outro tempo, outra realidade. Entre 2000 e 2008, Caruaru esteve mergulhada nas trevas, as pessoas eram sufocadas.
JV – Como andam as relações com o vice-governador João Lyra Neto?
WQ – Nossa relação está normal. Não temos nos encontrado, mas liguei para ele antes da cirurgia e fiz uma visita no hospital em São Paulo. Ele é uma pessoa muito ocupada e eu também, mas nossas ideias são convergentes. João Lyra Neto é uma figura de proa na política de Pernambuco e nós sabemos a grande responsabilidade que temos com a cidade e com o Estado.
JV – Vocês têm conversado sobre a administração?
WQ – Sobre a administração do Estado? Nunca conversamos. João Lyra tem sido um vice-governador prestigiado por Eduardo, discreto e de confiança. Isso é o que importa. Sinto-me bem representado com João Lyra Neto na vice-governadoria.
JV – E sobre a administração municipal?
WQ – Recentemente, não. Mas é a vida: cada um com suas ocupações. Sabemos que ele está à disposição para ajudar José Queiroz e a cidade.
JV – Um dos problemas mais graves que atrapalham o crescimento da cidade é a Feira da Sulanca no Parque 18 de Maio. A expectativa é que a cidade perca compradores depois da conclusão da duplicação da BR 104. O senhor tem trabalhado para conseguir verbas federais para melhorar a feira?
WQ – Tenho discutido internamente as alternativas para a Feira da Sulanca. A feira é o propulsor econômico da cidade e qualquer mudança deve ser referendada pelos feirantes de Caruaru. Conversamos com Dilma e com Eduardo a respeito das soluções e, qualquer que seja a decisão, a cidade contará com a ajuda da presidenta e do governador.
JV – Como o senhor avalia a entrada de Brizola Neto no Ministério do Trabalho? Alguns blogs destacaram que o senhor não tem uma boa relação com ele, isso é verdade?
WQ – A notícia de Brizola Neto não passou de especulação. O partido e a presidenta Dilma ainda não definiram quem será o indicado para o Ministério, embora a bancada federal tenha aprovado o nome de Vieira da Cunha (deputado do Rio Grande do Sul). Mas tenho uma ótima relação com Brizola Neto. Somos muito amigos.
JV – É verdade que o PDT tem um acordo com José Serra em São Paulo e que, depois da demissão do ministro Carlos Lupi, o seu partido estaria marchando para oposição? Como o senhor avalia essas costuras?
WQ – Oposição a Dilma, jamais! Nós somos parte desse projeto de governo e de Estado. Agora, as pessoas que fazem o PDT do município de São Paulo têm ligações com o PSDB. Nacionalmente continuaremos alinhados ao governo Dilma, independentemente de cargos e de ministério.