Em Caruaru, MP solicita prontuário para analisar caso da mãe que perdeu o bebê

Mário Flávio - 19.09.2013 às 12:25h

Do G1 Caruaru

O Ministério Público em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, irá investigar as circunstâncias da morte de um bebê no último domingo (15) na Casa de Saúde Bom Jesus, também em Caruaru. A criança teve o falecimento confirmado ainda na barriga da mãe. A família alega que houve negligência da unidade de saúde. De acordo com o promotor de Justiça e Saúde, em Caruaru, Paulo Augusto, o MP solicitará a abertura de sindicância pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e pela secretaria municipal de Saúde para investigação dessa morte. “Vamos também solicitar o prontuário da paciente para que o corpo técnico de médicos do ministério possa analisar os procedimentos realizados pelo médico que atendeu a jovem. Essa análise deve definir se o procedimento de quem a atendeu foi correto ou não”, explica.

Segundo o promotor, o MP já pediu a Secretaria de Saúde de Caruaru o número de óbito de fetos ocorrido entre 2012 e 2013 e os nomes dos médicos que realizaram os procedimentos. A intenção desse pedido, segundo Paulo Augusto, é identificar se algum profissional da unidade está envolvido em muitos casos como este. O promotor disse ainda que a conclusão dos procedimentos é que vai definir os rumos da investigação. “Depois das sindicâncias concluídas, e da análise técnica pronta, vamos definir o que fazer. Se houve mesmo negligência, vamos entrar na esfera criminal. Os promotores pediram indiciamento dos envolvidos por homicídio doloso”, explica. O promotor afirmou ainda que o Ministério Público já investiga outras duas mortes ocorridas na Casa de Saúde Bom Jesus.

Entenda o caso – A morte de um bebê no último domingo (15), em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, revoltou uma família. De acordo com a avó da criança, Ana Lúcia Santiago, houve negligência no atendimento realizado na Casa de Saúde Bom Jesus. Segundo Ana, a filha dela deu entrada cinco vezes na unidade com dores e não teve o parto realizado.

Larissa Santiago, de 16 anos, estava grávida de nove meses, quando deu entrada na última sexta-feira (13) na unidade de saúde. Segundo a família, ela estava com muitas dores e um pequeno sangramento. Além disso, a criança não estaria se mexendo. O médico que a examinou, teria dito que ela poderia ir para casa e aguardar, porque o bebê estava bem e o dia do parto ainda não tinha chegado. No domingo (15), com muitas dores, Ana Lúcia levou a filha novamente para a Casa de Saúde. “O pessoal da triagem tentou ouvir o coração da minha netinha, mas não conseguiu. Veio um médico e também não conseguiu. Pediram então uma ultrassom, mas não acharam a chave da sala”, afirma a avó. Ainda segundo Ana, por causa da falta da chave, a filha foi transferida para o Hospital Jesus Nazareno, conhecido popularmente como Fusam, para realizar o procedimento. Na unidade, foi confirmado que o bebê estava morto.

Após a ultrassom, Larissa foi levada de volta para a Casa de Saúde. “Deixaram minha filha numa cama, sozinha, morrendo de dor. Os gritos dela podiam ser ouvidos até no meio da rua. Ninguém fez nada para ajudar. Tive medo de perder no mesmo dia minha netinha e minha filha”, conta a avó. Ela disse que só após algumas horas um grupo de enfermeiras se aproximou dela e resolveu levá-la para a sala de parto e induzir o nascimento da criança. A menina foi retirada sem vida com 3,32 kg.

Avó conta que teve medo de perder a filha por causa da demora no atendimento. A avó espera que alguma providência seja tomada. “Eu quero justiça. Esse descaso tem que acabar. Quero que os governantes tenham um atitude para resolver esse problema. Não é a primeira vez que uma família perde alguém naquele lugar”, relata. A Secretaria de Saúde já investiga outras duas mortes ocorridas na unidade de saúde. Sobre esse caso, o G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da secretaria, que afirmou que foi aberto um inquérito administrativo e procedimento padrão de investigação para apurar as condições em que ocorreu o falecimento. O prazo para conclusão do inquérito e do procedimento administrativo é de 90 dias.