Editorial – Uma Assembleia que precisa de um olhar diferente do governo de Raquel

Mário Flávio - 20.07.2023 às 05:48h


A governadora Raquel Lyra (PSDB) terá muito trabalho com a atual legislatura da Assembleia Legislativa. Não só pelo fato do PSB ter a maior bancada, já que o partido é oposição ferrenha ao governo da tucana e nem PT e PSOL estarem cobrando do governo sem parar.

Possíveis deputados da base com perfil de independência podem gerar muita dor de cabeça para a articulação política do ninho tucano.

A bancada do PL não será fácil e precisará de uma atenção redobrada. Ao ser retirado da presidência de uma Comissão o experiente Alberto Feitosa, por exemplo, praticamente foi para a oposição. Ele reclama da maneira que o fato aconteceu e diz ter sido fritado pelo governo. Feitosa já deu alguns votos contrários e cobra melhorias na segurança do estado e no cumprimento de promessas da tucana no que diz respeito a salários para policiais, além de pedir a nomeação dos últimos concursados da PM.

Nessa quarta-feira (19) foi a vez de Abimael Santos fazer um vídeo com um duro discurso. Ele reclamou da atuação de fiscais da Sefaz, que multaram um estabelecimento em Toritama e disse que se não for ouvido pode ir “para a guerra”. Ainda citou que não tem “rabo preso com ninguém” é que não vai “baixar a cabeça” pelo fato de “torcer pelo atual governo”. Foi curto e grosso e chegou a afirmar que pode levar uma comissão para o Palácio.

Outro que segue na mesma linha é Renato Antunes. O ex-vereador do Recife, apesar de ser um nome forte na oposição ao PSB e PT, já deixou claro que terá posições de independência dentro de Casa de Joaquim Nabuco. Ele já fez cobranças públicas a gestão e disse que não quer ser um aliado automático que não poderia fazer críticas públicas em questões pontuais.

Esses são apenas alguns casos de um poder bem mais autônomo que os 16 anos do PSB na frente do estado, quando a Assembleia era quase um puxadinho do Palácio do Campo das Princesas, devido ao alinhamento quase que total entre os dois poderes. O fato de vários ex-prefeitos estarem no mandato também deixam a relação política de orelha em pé.

Por ter sido deputada estadual duas vezes e prefeita outras duas, em algumas ocasiões, a própria governadora terá que cair em campo para apagar possíveis incêndios com prováveis aliados. A Casa Civil está ciente do novo perfil da Assembleia e já atua também nos bastidores para evitar que alguns problemas pequenos se tornem uma dor de cabeça para o governo. A conferir.

Presidência mais autônoma…


O próprio presidente Álvaro Porto, que é do mesmo partido de Raquel, o PSBD,, já deixou claro que a relação com a Casa será outra nesse mandato. Votações que tiveram que ser retiradas da Pauta e a escolha de Rodrigo Novaes para o TCE são prova disso.

Mas obteve vitórias
Mesmo com a tensão gerada em alguns momentos com a Assembleia, tirando a derrota para a nomeação de Novaes ao Tribunal de Contas do Estado, o governo já obteve vitórias importantes na Alepe. A votação da autorização dos empréstimos junto governo federal e atualização do piso dos professores seguiram essa tendência e Raquel obteve vitórias.

De volta ao MDB…


O deputado estadual Jarbas Filho deixou o PSB e voltou para o MDB. O filho do senador Jarbas Vasconcelos recebeu a liberação do PSB e não corre o risco de perder o mandato. Jarbinhas foi recebido pelo próprio pai, que segue afastado do mandato por questões de saúde e pelo ex-deputado federal e presidente do MDB em Pernambuco, Raul Henry.

..:Tony deve fazer o mesmo


Quem também deve voltar ao MDB é o ex-deputado estadual Tony Gel. Ele disputou a eleição pelo PSB e acabou não sendo reeleito. Gel está na Copergás numa indicação da governadora Raquel Lyra e não faz o menor sentido ele seguir no PSB. O filho dele, empresário Tonynho Rodrigues, que atua na Empetur segue no partido e o vereador Galego de Lajes, outro aliado de Tony também fica no MDB.

PDT e Psol reunidos…


Na quarta-feira (19) o vereador Fagner Fernandes (PDT) esteve reunido com o presidente do PDT Caruaru, Marco Casé, e com a representante do diretório estadual do PSOL, Michelle Santos, discutindo sobre a possibilidade de criar uma ampla frente de esquerda em Caruaru. A ideia é que essas legendas possam apoiar o nome do ex-prefeito Zé Queiroz na eleição do ano que vem.

O que pensam PDT e Psol?

Para Michelle Santos, o encontro foi muito proveitoso. Ela disse que aproveitou a oportunidade para discutir um projeto à esquerda em Caruaru e com uma ampla frente de partidos. “Também aproveitando o momento político que estamos vivendo no Brasil”, explicou. De acordo com Fagner, é preciso discutir ações para melhorar Caruaru. “Com a criação de uma frente ampla na cidade, Caruaru só tem a ganhar. Com um maior alinhamento político, conseguimos fazer muito mais”, afirmou o parlamentar.

No governo…


O jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys foi nomeado como assessor na Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), atuando na área de planejamento de comunicação do governo Lula. Ele já se envolveu numa polêmica ao atacar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), quando disser que não ia fechar as escolas cívico-militares no estado.

De volta
Wyllys retornou recentemente ao Brasil, após quatro anos fora do País. No começo de 2019, ele renunciou ao cargo de deputado federal, conquistado nas eleições de 2018, sob a alegação de ter sofrido ameaças de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deixou o Brasil no que chamou de um “autoexílio”. No exterior, fez doutorado em Barcelona.