Editorial – Governo alertou várias vezes sobre os excessos; eleições criaram falsa expectativa

Mário Flávio - 08.12.2020 às 09:32h

O governo de Pernambuco anunciou nesta segunda-feira (07) a proibição de festas e confraternizações de fim de ano. A ideia é evitar a proliferação do novo coronavírus, já que os casos não param de crescer no estado e o sinal de alerta foi ligado nas enfermarias e UTIs das redes públicas e particular de saúde.

Após o anúncio houve muita reclamação de artistas que usaram as redes sociais para criticar a decisão e fazer comparações com outros setores, algumas sem nenhum sentido. Mas será que o governo errou mesmo com essa decisão?

Nas nossas participações na Rádio Cidade sempre lembramos que o governo de Pernambuco alertou desde a reabertura, que se houvesse excesso, novas medidas restritivas seriam anunciadas. Pois bem, o que vimos desde o feriado de 7 de setembro foi um verdadeiro não cumprimento das regras básicas de saúde.

Mesmo com todos os alertas tivemos ainda o feriado de 12 de outubro com a repetição das mesmas práticas. Com a chegada do período eleitoral a situação piorou, a ponto da Justiça Eleitoral proibir os atos de campanha faltando 15 dias para o pleito.

Essa proibição veio justamente pelo fato de boa parte dos candidatos descumprirem as medidas de isolamento, principalmente nas cidades do interior. No entanto, à justiça eleitoral fechou os olhos para os candidatos que promoveram aglomerações. Os candidatos usavam as próprias redes sociais para se gabar de levar multidões para os eventos, sem o menor pudor e promotores e justiça não fizeram praticamente nada.

Por fim, o povo. Parte se esbaldou em festas e eventos e os cuidados diminuíram a cada semana. Acharam pouco e não se contentavam em aglomerar, mas uma necessidade de postar as fotos das farras nas redes sociais e pouco se incomodavam com a indignação das pessoas que não aprovavam tal comportamento.

Então o povo tem uma parcela grande de culpa nessa proibição. As pessoas perderam a noção do perigo e partiram para um tudo ou nada na luta contra o vírus e houve um relaxamento amplo. A ação do governo é dura, mas infelizmente necessária.