O cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, morreu na manhã desta quarta-feira (14) no Hospital Santa Catarina, na capital paulista, vítima de falência múltipla de órgãos. Ele tinha 95 anos de idade e há mais de uma década estava afastado de suas atividades religiosas.
Dom Paulo foi elevado ao cargo de cardeal em 1973 e durante o período em que respondeu pela Arquidiocese de São Paulo (entre 1970 e 1998) tornou-se uma das vozes mais vigorosas contra a ditadura militar ao lado do cearense Dom Hélder Câmara.
Foi dele a iniciativa de produzir um livro com os nomes – “Brasil -Nunca mais” – de todos os presos políticos do regime ditatorial, incluindo os torturados e desaparecidos políticos.
Além disso, sua coragem para enfrentar os representantes da ditadura militar foi internacionalmente reconhecida no velório e sepultamento do jornalista Wladimir Herzog, fato ocorrido em São Paulo em 1975 (governo Ernesto Geisel).
Os militares tentaram impedir a cerimônia religiosa, porém o cardeal não se intimidou. Celebrou na Catedral da Sé a missa de corpo presente do jornalista, assassinado nas dependências do DOI-CODI, e depois acompanhou o enterro.
Dom Paulo nasceu em Forquilhinha (SC) em setembro de 1921 e ingressou na Ordem dos Franciscanos em 1939. Foi ordenado presbítero em novembro de 1945 na cidade de Petrópolis (RJ).
Nessa mesma cidade trabalhou como padre até ser indicado bispo auxiliar do cardeal Dom Agnelo Rossi, em São Paulo, em 1966. Foi nomeado arcebispo em outubro de 1970 aos 49 anos de idade.
Dom Paulo também se notabilizou por sua posição contrária à invasão da PUC de São Paulo, em 1977, comandada pelo então secretário de Segurança Pública, coronel Erasmo Dias.
O velório está ocorrendo na Catedral da Sé é o sepultamento está previsto para esta sexta-feira (16).