Com mais escolas reabertas, pesquisa mostra queda nos índices de desmotivação e nas dificuldades na rotina dos estudantes

Mário Flávio - 23.10.2021 às 08:25h

Pesquisa inédita do Datafolha, encomendada por Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mostra relação entre o aumento de estudantes com escolas que retomaram, mesmo que parcialmente, as atividades presenciais e a redução dos índices de desmotivação e dificuldades na rotina dos estudantes da educação básica. Segundo pais e responsáveis entrevistados, 51% dos estudantes que tiveram a possibilidade de voltar para escola estão desmotivados, e esse índice é de 58% entre os que ainda não tiveram a escola aberta. No caso das dificuldades com a rotina, a diferença é ainda maior: de 58% dos estudantes que tiveram as escolas reabertas, contra 70% dos que ainda não estão frequentando as aulas presenciais.

Segundo pais e responsáveis, 87% dos estudantes que já estão frequentando aulas presenciais estão se sentindo mais animados, 80% mais otimistas e 85% mais interessados pelos estudos. A pesquisa é a sétima de uma série que vem acompanhando a percepção das famílias brasileiras a respeito dos desafios da pandemia na educação desde 2020.

Outro dado positivo é a percepção dos pais e responsáveis em relação ao aumento da aprendizagem dos estudantes que tiveram a escola reaberta (56%) e aqueles que continuam nas atividades remotas (41%). Por outro lado, 39% acreditam que os estudantes se sentem despreparados em relação ao aprendizado, e que 19% estão com dificuldades no relacionamento com professores ou colegas.

A etapa qualitativa da pesquisa, realizada pela Rede Conhecimento Social por meio de grupos de discussão com famílias de estudantes, confirmou esse estado de apreensão tanto com defasagem de determinados conteúdos quanto com o possível desinteresse dos estudantes. Os participantes acreditam ainda que o apoio dos governos e das instituições de ensino é relevante neste momento e que é preciso definir com urgência o modelo que será adotado nas escolas, propor um cronograma e um planejamento de atividades.

“Os resultados demonstram o quão importante e urgente é a retomada das atividades presenciais nas escolas. Também apontam para a necessidade de um esforço conjunto da sociedade para recuperar a confiança e a autoestima dos estudantes, para que eles permaneçam na escola e possam recuperar mais rapidamente as defasagens no aprendizado geradas pela pandemia”, diz Daniel de Bonis, diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann.

“Cada rede de ensino empreendeu importantes esforços para a continuidade do aprendizado durante este longo período de afastamento do ambiente escolar. O professor foi o maior vínculo entre aluno e escola e se desdobrou para se adequar às novas tecnologias e propor atividades que estimulassem a atenção dos estudantes. Atenuar as marcas deixadas pela pandemia na educação exigirá um aprofundado ainda maior do debate sobre formato, currículo, habilidades prioritárias e investimentos para o retorno. Os alunos precisam ter a chance de recuperar a aprendizagem de forma efetiva e com equidade, considerando todas as perdas que os grupos mais vulneráveis passaram”, avalia a superintendente do Itaú Social, Angela Danemann.