Desde a eleição da atual Mesa Diretora que governo e bancada não se entendem na Casa Jornalista José Carlos Florêncio. As sequelas geradas com a histórica eleição de Lícius Cavalcanti não foram sanadas e a cada ato ou divergência a distancia entre alguns vereadores da base e o prefeito Zé Queiroz aumentou.
O clima entre os governistas azedou de vez na Sessão de ontem. Governistas soltaram farpas entre si e a oposição boquiaberta assistiu a tudo de camarote, tentando vez por outra, jogar algum veneno na intriga dos ex-aliados.
Acusações duras e una disputa que ficou evidente na Câmara: Zé e João. Os vereadores Lícius e Rogério deixaram claro que a partir de agora estão com João nessa queda de braço entre as duas maiores lideranças. Os dois defendem com veemência o vice e promovem o fogo amigo contra a gestão municipal. A eles, mas numa outra trincheira, somam-se Louro do Juá, Val, ambos do DEM e Diogo Cantarelli (PSDB).
Resta ao Executivo um esforço enorme de Zé Ailton (PDT), Lula Tôrres (PR), Bruno Lambreta, Leonardo Chaves e Adolfo José, todos do PSD. Os demais vereadores evitam usar à Tribuna, já que alguns têm dificuldade com o uso das palavras em publico e outros não gostam mesmo. Nesse bombardeio a surpresa é Dr. Demóstenes, que segue quieto e evita uma posição mais arriscada. Ele avaliou o momento e deve preferir ficar na retranca.
O problema para o governo é o conteúdo dos discursos. Os novos opositores têm facilidade com as palavras, dominam diversos assuntos e põe literalmente o dedo na ferida. A defesa do governo ficou sem foco, já que não esperavam uma batida tão dura de vereadores da base, que ainda tiveram o coro reforçado por uma grave denúncia de Ranilson Enfermeiro (PTB).
O discurso dos defensores do governo está errado. Falar em falta de gratidão ou ficar tentando terceirizar as falas de Lícius e Rogério a João Lyra é colocar mais lenha na fogueira, que há muito tempo já queima no arraial da base governista.
O problema é que a crise na Câmara nunca foi levada a serio e sempre o tal rolo compressor era usado para dizer que no momento certo iria dar um freio nos dissidentes. Ainda pode haver tempo para cessar o dano, mas do jeito que essa ausência de relação existe há dois anos, fica muito difícil acreditar nessa união de forma repentina.