
A cerimônia de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que ocorrerá nesta segunda-feira, desperta grande atenção em escala mundial. Após uma campanha marcada por declarações polêmicas e promessas de reformulação na política externa dos EUA, o mundo aguarda para ver até que ponto as palavras de campanha se transformarão em ações concretas.
A transição política nos EUA tem sido acompanhada de incertezas em áreas-chave, como comércio, imigração e meio ambiente, fazendo com que governos de diferentes espectros ideológicos repensem suas estratégias de cooperação com Washington. Um dos pontos mais comentados é a forma como Trump tende a conduzir as relações internacionais.
O presidente eleito sempre enfatizou o interesse nacional acima de parcerias multilaterais, prometendo rever acordos comerciais e impor uma política de imigração mais rígida. Essa abordagem “América em primeiro lugar” (America First) pode implicar reconfigurações em alianças tradicionais e a busca por acordos bilaterais mais vantajosos para os EUA.
Países europeus, por exemplo, demonstram preocupação com o fortalecimento de correntes isolacionistas, enquanto na Ásia, grandes economias como a China e o Japão acompanham de perto possíveis mudanças em acordos comerciais e regras de mercado. A economia global se manterá atenta aos primeiros movimentos do novo governo norte-americano.
Ações como redução de impostos para empresas e a adoção de políticas protecionistas podem atrair setores industriais de volta aos EUA, mas ao mesmo tempo gerar tensões com parceiros comerciais. Embora alguns investidores enxerguem oportunidades de negócios nesse cenário, há receio de que disputas tarifárias intensifiquem barreiras comerciais em várias frentes, gerando insegurança em mercados emergentes e incerteza quanto ao crescimento global.
Relação com o governo Lula
No Brasil, a expectativa em torno da posse de Donald Trump ganha contornos próprios, especialmente pela postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não manifestou apoio ao republicano durante a corrida eleitoral. Lula, reconhecido internacionalmente por uma visão política progressista e pela defesa de pautas sociais, tende a manter um distanciamento ideológico em relação às posições conservadoras de Trump.
Apesar das diferenças políticas, o pragmatismo pode prevalecer quando se trata de negócios. Os Estados Unidos são um dos principais parceiros comerciais do Brasil, e ambos os países têm interesse em manter canais de diálogo abertos para promover investimentos e trocas de tecnologia. A questão ambiental é um ponto sensível. Lula reforçou o compromisso do Brasil com a preservação da Amazônia e o combate às mudanças climáticas, enquanto Trump, em seu primeiro mandato, demonstrou ceticismo em relação ao aquecimento global e retirou os EUA de acordos ambientais importantes.
Se Trump mantiver o tom de suas políticas anteriores, haverá dificuldades para uma cooperação mais estreita nessa área. Democracia e direitos humanos: Lula tem buscado articulações internacionais para fortalecer instituições democráticas na América Latina. Já Trump, em seus discursos e ações passadas, por vezes adotou uma retórica que gera controvérsia entre defensores de direitos humanos. Isso pode criar barreiras adicionais em fóruns multilaterais onde essas pautas serão discutidas.
Cenário político interno
A posse de Donald Trump também chama atenção pelo cenário polarizado dentro dos próprios Estados Unidos. Há fortes divisões entre eleitores democratas e republicanos, e a governabilidade pode exigir esforços de mediação no Congresso. Essa dinâmica interna influenciará a capacidade de Trump de aprovar reformas e definir rumos efetivos na política externa — inclusive na relação com potências emergentes como o Brasil.
Para o restante do mundo, o desafio é entender como o governo Trump equilibrará seus interesses nacionais com a necessidade de cooperação global em temas urgentes, como economia, segurança e meio ambiente. A conferir.