Já não há mais dúvida, Caruaru é um centro econômico e cultural fundamental na dinâmica do desenvolvimento de Pernambuco e, também, do Nordeste. O que mais chama atenção, para além do seu PIB, é que estando em um espaço geográfico adverso, Caruaru prosperou.
Diante dos mais importantes indicadores socioeconômico, evidencia-se a trajetória de prosperidade que Caruaru percorreu nas últimas décadas. A partir dos dados do PNUD de 2010(mais atual), Caruaru possui um IDH(Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,677, em 2010. Quando comparado ao ano de 1991, que era torno de 0,481, nota-se uma significativa taxa de crescimento de 40% em duas décados. Esse resultado é muito significativo, pois tecnicamente o município possui um alto indicador de desenvolvimento.
É surpreendente ainda, ver que a pobreza entre 1991 a 2010 diminuiu, passando de 39%(1991) para 16,31%(2010) de pessoas que viviam na pobreza. Uma diminuição de 50%. Dado que já deverá ter diminuído ainda mais no próximo censo do IBGE, a ser realizado em 2020.
Uma economia com PIB per capita(R$ 17.627) superior ao estado de Pernambuco(R$ 16.795) e à própria região agreste(R$ 12.110). Estando entre os 26 municípios que compõe o agreste central, o PIB de Caruaru representa 44% do total. Portanto, Caruaru é a força motriz do dinamismo econômico regional.
Porém, é comum o crédito desta prosperidade às políticas públicas e gestões governamentais. Contudo, à luz da história da cidade e através de princípios básicos da ciência econômica, é possível desmistificar tal conclusão. O desenvolvimento regional e todas as suas consequências sociais, tem fundamento na característica protagonista e empreendedora dos seus cidadãos, empresários, industriais, agricultores, trabalhadores, educadores, artistas e emigrantes que deixaram sua contribuição. Pois é em um ambiente favorável à livre iniciativa e, que possua em suas características sociais as relações capitalistas, que o desenvolvimento se efetua.
Caruaru não é a única, a própria história da humanidade apresenta fatos semelhantes, de elevado desenvolvimento, não por uma coordenação de política central, mas por um ordenamento espontâneo dos indivíduos. É o caso da revolução industrial na europa, da quebra de castas na Índia, e da superação dos países do leste asiático.
O valor desta prosperidade está nos fundamentos capitalistas, da propriedade privada, do trabalho, da poupança, e do investimento. Somados à livre-iniciativa, fez-se a Capital do Agreste.
Antes do virtuoso comércio, da rede de fabricos de confecção e da potencial indústria, Caruaru já mostrava-se apta ao progresso econômico. Ainda em 1895 a cidade receberia um grande investimento, a estrada de ferro, trazida pela firma inglesa, Great Western. Nesta época Caruaru exportava para o Recife uma grande quantidade de solas, couros, algodão, queijo, feijão, além de realizar uma das maiores feiras de gado da região.
Na década de 1900, temos o que seria a primeira empresa de fornecimento de energia elétrica, companhia Vasconcelos & Cia. Cabe ainda, o importante projeto de iniciativa privada, dado a escassez de água da região. Após tentativas sem resultados, por falta de condições financeiras do poder público local, o industrial, Antônio menino, cria em 1920, um simples sistema de abastecimento de água, porém eficaz.
A própria riqueza cultural do município, hoje um grande ativo econômico, tem sua origem na iniciativa de homens e mulheres, que em razão de seus interesses, protagonizaram os elementos fundamentais do patrimônio cultural. São as artes do mestre Vitalino, o protagonismo das irmãs Lyra nas festa juninas, entre outros, que de forma espontânea contribuíram para a marca da Cidade.
Embora novos desafios já se mostram à frente do município, o próprio crescimento populacional, advindo do crescimento econômico, que exige melhorias urbanísticas, serviços básicos de infraestrutura, que competem ao setor público. Além dos desafios econômicos trazidos pelo própria concorrência, desta vez internacional, com a expansão de mercados asiáticos de maior produtividade industrial. Isto expõe a necessidade de diversificação da produção, dos investimentos intensivos em produtividade e a percepção empreendedora de aderir às novas oportunidades de negócios.
Com isso, os valores sociais de livre iniciativa devem estar em evidência como alicerce do desenvolvimento local e regional. Já que são os indivíduos os principais responsáveis pelo desenvolvimento da sociedade, que inovam, geram riqueza social, e acabam facilitando a vida cotidiana.
“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.” Adam Smith – Economista e filósofo clássico inglês.
*Pedro Holanda é economista