A semana passada trouxe uma péssima notícia para o Prefeito, e deve ter lhe deixado com uma terrível dor de cabeça. Afinal, a entrega do diretório municipal do PSB aos Lyra, e a possível candidatura de Raquel Lyra a Prefeita com o apoio de Paulo Câmara. Implodiu a estratégia traçada por Queiroz para a sua sucessão, e a situação do seu grupo político no Pós Prefeitura.

É mais do que natural que Queiroz procure conduzir a sua sucessão em 2018, para que assim alguns dos seus objetivos sejam alcançados. O primeiro, que ele continue tendo acesso à máquina municipal, e o segundo, que o seu candidato não ameace nem a reeleição de Wolney, nem a trajetória do seu herdeiro ao Palácio Municipal. Com Raquel Lyra essas metas não estariam garantidas, por isso Queiroz procurou atrelar o seu projeto, ao projeto do PSB estadual.

O PSB planeja ter candidatura própria, com quadros fieis, nos principais colégios eleitorais de Pernambuco. Para que, esses Prefeitos usem as máquinas municipais para garantirem a reeleição de Paulo Câmara em 2018.

Se João procurou dobrar o PSB ameaçando migrar para O PSDB, Queiroz procurou, de maneira mais sútil, dobrar o partido oferecendo a sua obediência. Desde que o candidato fosse um dos membros do Clã dos Gomes. Com isso Queiroz achava que tinha expulsado os Lyra da Frente Popular, e que continuaria senhor da sua sucessão.

Mas, a sabedoria quando é demais engole o dono, já diz o ditado. E na semana passada, PSB entregou o partido aos Lyra. A decisão do PSB estadual não foi um veto aos Gomes, mas sim um veto a Queiroz. Não foi uma derrota dos Gomes, mais sim de Queiroz. O PSB estadual sinalizou que Caruaru é importante demais para eles apostarem todas as suas fichas na dubiedade de Queiroz.

A sinalização do Diretório Estadual do PSB é clara, eles não confiam em Queiroz! Para o PSB Estadual, Queiroz poderia: Primeiro passado o prazo de filiação partidária, tendo Raquel migrado para o PSDB, retirar a oferta de cabeça de chapa ao PSB. Bastaria usar alguma pesquisa que mostrasse a inviabilidade de Jorge Gomes, e tentasse substitui-lo por um candidato do seu grupo, um poste qualquer. Reforçam essa percepção: o pouco espaço de Jorge na gestão, e a falta de empenho de Queiroz em reeleger Laura Gomes

Ou segundo, que Queiroz poderia realmente apoiar Jorge Gomes, mas rifaria sua candidatura, deixando-a morrer na praia, sem apoio e de inanição. Enquanto veladamente apoiaria o candidato do bloco PTB-PT, que deverá lançar Douglas Cintra, seu amigo de longa data.

Caruaru é vital demais para o PSB confiar, cegamente, nas estratégias e cenários traçados pelo Prefeito. Mesmo que Queiroz negue a segunda opção frequentemente, o problema é que as pontes dele com o PSB foram implodidas na disputa de 2014, após o seu comportamento dúbio durante toda a campanha.

Ele e seu filho subiram no palanque da Frente Popular, porém o seu núcleo político mais próximo, foi liberado para fazer campanha para Armando e Dilma. Inclusive participando ativamente da campanha de Wolney na cidade. No segundo turno, embora a Frente Popular tenha optado por Aécio, Wolney apoiou num primeiro momento à campanha de Dilma, depois retornou aos braços do PSB. Sumindo logo em seguida dos atos da campanha em Caruaru.

Diante disso, arriscar, entregar a principal cidade do interior a oposição estadual, e ainda por cima desagradar os Lyras e Tony Gel. Para favorecer um aliado escorregadio, não está nos planos do PSB Estadual. Ainda por cima, há um ganho secundário, a candidatura de Raquel abre a possibilidade de construir um acordo com o grupo do deputado Tony Gel, acabando de vez com o palanque triplo na cidade.

Se Queiroz quiser realmente se manter como aliado do Governador, e desmanchar a sombra que paira sobre a sua posição política. A saída seria filiar os Gomes ao PDT, e efetivamente se empenhar em sua eleição. Do contrario, o melhor seria ir logo para a oposição, pois ficando neutro ou laçando um poste, só reforçaria a percepção que ele tentou engabelar o Governador. É Queiroz, dessa vez você perdeu…

*Mário Benning é Mestre em Geografia e Professor no IFPE/Caruaru. Texto do blog Caruaru Vermelho