Entre a gestão eficaz e a publicidade existe a realidade. A complexidade da realidade é o dinamismo e
impossibilidade de controle das variáveis sociais. Índices educacionais, aumento do desemprego, queda na economia, são alguns dos fatos reais que a nova prefeita terá que enfrentar.
O desemprego, por exemplo, em Caruaru fechou os últimos 12 meses com saldo negativo de -4.567 desempregados. Esse é um reflexo de uma queda na atividade econômica em todo Brasil. Caruaru tem um agravante, boa parte da economia se concentra em atividades ligadas ao comércio, que emprega aproximadamente 9.780 pessoas (12% do total de empregados).
Outro inconveniente fato, é que boa parte das receitas municipais são de transferências intragovernamentais. Mais detalhadamente, aproximadamente 19% da receita municipal é decorrente de arrecadação tributária, e 70% são de transferências correntes, que envolvem transferências da união e do estado. O inconveniente dessa informação, além da precariedade da autonomia econômica do município, é que as contas públicas nacionais e estaduais não estão em equilíbrio.
Estamos em um esquentado debate sobre reajustes fiscais – que apenas começou. A PEC 241, embora não atinja os repasses aos estados e municípios, coloca em evidência a quebra na estrutura do modelo atual de gestão das contas públicas.
Esses fatos estão expostos a sociedade, que debate intensamente em ambientes virtuais, aumentando a responsabilidade dos governantes. Consequentemente, a partir de 2017 governos e políticos terão que escolher modelos de governança que tragam o equilíbrio entre, satisfação da população e sustentabilidade fiscal.
A velha receita de aumentar impostos e arrecadação tributária, é um fardo que o cidadão não quer suportar mais. Em Caruaru que o IPTU é bastante elevado, um pesadelo que deve ser reavaliado. Além disso, o município precisa urgente rever sua estrutura administrativa. A política de cargo comissionado, e apadrinhamento político, tem gerado um custo social elevado ao município. Reavaliar o custo-beneficio desse tipo de gestão é um passo significativo para superar os desafios econômicos que estão surgindo.
Raquel é nova no PSDB, mas o cenário atual do partido parece favorável. Alguns recém eleitos, João Dória (São Paulo) e Nelson Marchezan (Porto Alegre), trazem ao PSDB algo que talvez se perdeu nos últimos anos, uma gestão ortodoxa, que significa uma moderação dos gastos públicos. Dória, que ganha popularidade não só na maior capital do Brasil, carrega discurso de gestão eficiente. Não se intimida em propor a privatização de órgãos municipais, parceria com o setor privado, e outras medidas que vão no oposto de políticas tradicionalmente chamadas de “esquerda”.
Esse será o grande dilema da nova prefeita de Caruaru, alinhar seu governo com um cenário econômico complicado, que exige a adoção de um modelo de gestão eficiente, que coloque Caruaru em ambiente favorável para investimento em novos negócios, trazendo desenvolvimento econômico e social. Não será uma missão fácil, já que a prefeita vem de uma tradição política em que sua base eleitoral e principais aliados são contra, em tese, esse tipo de política. Sem dúvida a gestão democrática e conciliadora é louvável, mas na prática é mais uma das variáveis complexa da realidade.
*Pedro Holanda faz parte do Movimento dos Libertários Mandacaru