Não é fácil fazer qualquer leitura da situação atual do país. Há uma indignação generalizada em relação ao preço do combustível. Em meio à crise, muita especulação e incertezas. Vários vídeos e mensagens nas redes expressam tanto a descrença da população nas instituições como o oportunismo político. Tem gente usando o nome de Deus, pedindo intervenção militar e apostando no caos para ver no que dá.
O fato é que a situação atual é o resultado da política de preços adotada pela Petrobrás no governo Temer. Tudo ao sabor do mercado! Aí cabe uma pergunta… Será que a população brasileira tem condições de pagar o preço do combustível de acordo com o que dita o mercado?
Correm nas redes denúncias dos sindicatos dos petroleiros, mostrando que há uma decisão política de reduzir a produção nas nossas refinarias para aumentar a exportação do petróleo bruto, beneficiando empresas estrangeiras. Lembrando que esse petróleo volta para o Brasil refinado e bem mais caro. Tipo aquela aulinha de história sobre a produção de cana de açúcar no Brasil colonial, lembra? O açúcar saía do Brasil, era refinado na Europa e voltava mais caro.
Sem contar que paralisamos a política de ampliação e construção de refinarias e estaleiros ao mesmo tempo que aceleramos a venda dos poços do pré-sal para empresas estrangeiras.
Greve ou locaute? Os caminhoneiros autônomos no Brasil são a minoria, ou seja, boa parte da força do movimento está ligado a grandes estruturas empresariais. Muitos sindicatos e movimentos sociais aderiram ao movimento, por entender que a pauta mexe com a economia e a sociedade de forma geral, além de ser uma situação que está em disputa política. Percebam que até agora não se falou na queda do preço da gasolina, algo que atinge diretamente a classe média, nem tão pouco no preço do gás, algo que atinge diretamente aos mais pobres.
Lembrando que tivemos um aumento significativo da quantidade de pessoas queimadas, pelo fato de que muita gente voltou a cozinhar com lenha. Conclusão! Os subsídios são para beneficiar os mais ricos. Me parece que está mais para blecaute do que para greve.
Para o atual problema não há solução mágica, fácil ou imediata. Tem que ser uma construção a longo prazo. É preciso definir qual será o papel da Petrobrás no desenvolvimento do país. Se a empresa vai servir exclusivamente ao interesse do mercado ou se a nossa riqueza natural será revertida para o desenvolvimento social e econômico do país.
Em relação a grande mídia muita atenção! Ela constrói as narrativas e influencia diretamente a opinião pública. Normalmente ela tem lado e reza de acordo com o interesse do mercado.
Para o futuro é preciso pensar cada vez mais em novas matrizes energéticas. Os combustíveis fósseis sempre motivaram grandes disputas políticas, econômicas e militares no mundo.
*Daniel Finizola é vereador pelo PT