Artigo – A UNE é nossa – por Paulo Fernando de Lima Oliveira

Mário Flávio - 17.03.2017 às 20:41h

Não é segredo para ninguém e as últimas direções da União Nacional dos Estudantes também não fizeram questão de esconder: a UNE tem lado e este é ao lado dos governos petistas!

Se historicamente a entidade ficou conhecida por ser um centro de resistência e oposição aos governos vigentes, com a chegada de Lula ao poder essa postura mudou completamente e a UNE se tornou uma fervorosa defensora do Partido dos Trabalhadores. Não importa qual posição o partido tivesse a UNE sempre estaria lá para defendê-lo, assim continuou com Dilma e só veio mudar após o impeachment e a ascensão do governo Michel Temer, quando voltou a ser uma oposição combatente.

Se você é brasileiro e esteve por essas terras de 2014 a 2016 pode perceber que os ventos mudaram de forma abrupta: rupturas institucionais diversas ocorreram (com políticos de alto escalão e milionários famosos presos), entramos numa das piores crises financeiras de nossa história, mergulhamos num mar infinito (e bilionário) de escândalos também sem precedentes, presenciamos convulsões sociais de toda espécie. 

Onde esteve a UNE todo esse tempo? Resguardando a defesa apaixonada dos governos petistas, mesmo presenciando cortes na educação, mesmo com o sucateamento de universidades públicas, mesmo com o fim repentino do FIES e do PROUNI. A UNE se distanciou demais do grupo que ela prometeu defender e perdeu toda sua credibilidade enquanto instituição e sua conexão com os estudantes.

Visando esse cenário de falta de legitimidade é que um grupo de jovens ligados à Juventude do PSDB se reuniu em São Paulo para decidir estratégias de como conseguir retomar a UNE para os estudantes. Sabemos que movimento estudantil sempre foi tarefa predileta de movimentos ligados ao PT, PCdoB e PSOL e que a União da Juventude Socialista monopoliza os congressos nacionais da UNE há décadas. A ideia é trazer a UNE à razão e colocá-la novamente nos trilhos de seu objetivo inicial: a defesa dos estudantes.

A força que está sendo criada sabe das dificuldades que serão enfrentadas durante essa campanha, tendo em vista o desengajamento político dos universitários justamente por desilusão com a UNE. Para isso é que lideranças de todos os estados farão esforços partidários e extrapartidários, com o auxílio de grupos como o MBL, para que esse objetivo seja atingido com sucesso.

Se a ideia é colocar a UNE de volta nos trilhos, primeiro é preciso colocar o jovem novamente como fator de indignação e mudança na política.