O aborto da menina de dez anos que sofria estupros por parte do tio pautou os debates durante a Reunião Plenária da Assembleia Legislativa de Pernambuco, nesta quinta (20). O deputado João Paulo (PCdoB), repudiou os protestos que ocorreram no último domingo, em frente ao Cisam, o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife, onde a criança estava para realizar o procedimento, depois de conseguir autorização judicial.
O parlamentar criticou o uso político da religião para condenar casos como esse. “Praticam a violência e distorcem o amor pregado por Jesus Cristo. Usam o seu nome em vão, pregam um Deus punitivo e medieval.”
A deputada Teresa Leitão (PT) também se pronunciou em defesa da criança, afirmando que a menina começa agora uma nova vida. A parlamentar questionou o vazamento de informações sigilosas sobre o caso. “Agora, usar da prerrogativa, de ser um parlamentar, de ser uma ministra, de ocupar cargo público para, através disso, tentar fazer valer a sua posição individual, eu acho que isso tem que ser investigado, denunciado e punido.”
Os deputados Doriel Barros (PT), e Waldemar Borges (PSB), também condenaram o desrespeito à criança e à família dela. Pastor Cleiton Collins (PP), se posicionou em defesa da vida e disse que esteve no Cisam em busca de informações mais precisas sobre a situação. Ele negou que tenha hostilizado a menina. “Fui para colher informações, porque a nossa meta é essa. Também tive oportunidade de entrar em contato com Ministério Público, enfim. Em nenhum momento eu hostilizei, usei palavras relacionadas a alguém, de forma alguma.”
Na mesma linha, o deputado Joel da Harpa (PP), afirmou que está sendo alvo de boatos e fake news relacionadas à participação dele no protesto e pediu mais respeito. Alberto Feitosa (PSC),declarou solidariedade a Joel da Harpa e se disse surpreso com a postura de colegas parlamentares, porque, segundo ele, nunca se questionou a legitimidade de deputados participarem de outras ações, como reintegrações de posse e protestos.
E reclamou da dificuldade de conseguir informações: “Acho que essa Casa , antes de tudo, antes de entrar na onda acusatória da mídia, antes de entrar na onda acusatória de alguns movimentos, de interesses, deve primeiro fazer uma análise que as coisas estão ficando muito difíceis do ponto de vista do exercício desse mandato quando é negada a prerrogativa do parlamentar de obter informações, e essa porta ser fechada por um simples serventuário.”
Presidente da Assembleia, o deputado Eriberto Medeiros (PP, declarou que a Casa está atenta e sempre busca preservar o bom trabalho, os bons costumes e o respeito a todos, parlamentares e sociedade. “Cada um e cada uma deputado e deputada sabe os instrumentos e o remédio legal para que se possa dar encaminhamento para qualquer uma reivindicação, e estamos aguardando, tanto a Mesa Diretora, e eu aqui como presidente, se tiver algum encaminhamento unilateral estou atento e estarei acompanhando, assim como também a Comissão de Ética da Casa.”