A constante busca do caos e culpados, da pandemia ao Afeganistão – por Paulo Artur*

Mário Flávio - 19.08.2021 às 08:28h

“É costume de um tolo, quando erra, queixar-se dos outros. É costume de um sábio queixar-se de si mesmo”. Sócrates Estamos superando enquanto nação, essa nefasta fase da pandemia da covid 19, isso graças a ciência. Pois, não custa asseverar que vacinas salvam vidas.

Contudo, apesar de toda politização relacionada à pandemia, medidas restritivas e de isolamento social e, ainda à eficácia da vacinação. Tem-se, uma busca incansável seja por alguns setores da mídia e políticos das diferentes siglas partidárias, quanto aos possíveis responsáveis pela pandemia e, o consequente caos.

E, será que realmente precisamos de culpados? As perdas das mais de 500 mil vidas não foram suficientes para o desenvolvimento de um senso coletivo, para construção de um novo momento para o Brasil. Ou seguiremos, em busca de culpados, para algo de atingiu o mundo inteiro, em todas as castas, etnias e classes sociais
Enfim, vidas ceifadas, empresas encerram as atividades, empregos perdidos, sonhos não realizados, realmente o tempo não para, como diria o cantor Cazuza. E, indaga-se o que aprendemos após esse aparente “cessar fogo” do vírus, diante das vacinas e demais cuidados da população? Pelo visto, muito pouco, à medida que encontramos um aparente novo, porém milenar problema que é o oriente médio, mais precisamente o Afeganistão.

Esse pequeno país da Ásia Central, da tumultuada e conflituosa região do Oriente Médio que já teve apoio e, depois lutou contra a ex URSS(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), abrigou o grupo terrorista Al-Qaeda e, na história recente se viu sob a intervenção militar dos EUA, numa caçada contra o terrorista Osama bin Laden, até a sua morte. Pois, ele foi um dos idealizadores do atentado às Torres Gêmeas em Nova Iorque, no fatídico 11 de setembro de 2000.

Ao que parece, sempre estamos em busca do caos e novos culpados, ainda que a problemática anterior, não tenha sido resolvida. Pois, mesmo sem a pandemia ter sido erradicada, diante das novas variantes, já estamos em busca de novas “bravatas ideológicas e culpados”.
E, a bola vez, é o Presidente dos EUA, Joe Biden, com a ordem da antecipação de retirada das tropas americanas do Afeganistão, após 20(vinte) anos e mais de U$ 3.000.000(três trilhões de dólares) dos contribuintes americanos e, perdas de 2,3 mil mortos e 20 mil feridos, soldados americanos.

Salienta-se ainda que, de acordo com um estudo da Universidade Brown, até abril de 2021, cerca de 174 000 pessoas morreram na guerra no Afeganistão; entre elas, cerca de 47 245 eram civis, entre 66 000 e 69 000 eram membros das forças de segurança afegãos e pelo menos 51 000 eram insurgentes islamitas, a maioria ligados ao Talibã.

Pasme-se, as pessoas em sua maioria, sequer sabem onde se situa o Afeganistão, não entendem a sua composição tribal, sua língua e dialetos e, que as regras não ocidentais defendidas pelo Talibã, sempre foram o dia a dia, não só daquele país mas, de grande parte dos países de cultura islâmica e que seguem o Alcorão, de forma mais rígida.

De toda forma, distante de uma solução efetiva para pandemia da covid 19, que a apesar da diminuição do ritmo, continua a infectar, internar e levar à morte as pessoas. Temos um novo caos, o Afeganistão cujo problema vai além do seu terreno montanhoso, verão e inverno rigorosos, falta de infraestrutura e violações aos direitos humanos.

Por sua vez, um novo culpado, o Presidente Joe Biden, que se vê criticado e culpado por um caos, que jamais deixou de haver naquele pequeno país, que em momento algum tornou-se um novo integrante da cultura e hábitos ocidentais. De bom alvitre, asseverar que a ordem de retirada das tropas americanas foi de seu antecessor Donald Trump.
Por fim, jamais imaginaria ouvir críticas pelo não exercício dos EUA da sua habitual política imperialista e, de gente que tanto a crítica, mas ao final, surpreendente que permanecemos em busca do caos e de culpados.

*Paulo Artur Monteiro é Advogado, Procurador FOPCB/FOR, Presidente da Comissão de Direito Constitucional do IAP e Coordenador do Núcleo de Direito Regulatório da ESA/OAB-PÉ